Hoje começo o diário pedindo desculpas, peço desculpas, não por estar errado, ou
coisa e tal, mas a gente sabe que quando a vida resolve dar uma girada, é logo
de 360º graus, e eu tive que girar com ela, até que ela voltasse à sua orbita normal,
aconteceram muitos imprevistos, tipo, muito mesmo, vida acadêmica puxada, saúde
instável e o que mais inviabilizou essa demora foi um processo de mudança, que
Victor Hugo teve de passar, acesso à internet precário e coisas do tipo.
Mas isso
não vem ao caso, o que vem ao caso foi a INEFÁVEL atuação que ocorreu no HU...
Indubitavelmente Lindonildo Varão e Bartolomeu Barbudo formam um só olhar, na
mesma sintonia. A atuação em si foi um remédio para a alma.
Ao subir o nariz tudo muda, os olhares de todos mudam... A
equipe de saúde como sempre muito prestativa atenciosa e presente em cada jogo,
mas nessa atuação teve algo diferente, uma técnica pediu, gentilmente, que
fossemos em um paciente, atendemos com muito carinho o pedido da mesma e fomos
ao senhor... Chegando lá ele estava debilitado, mas de alguma forma nossa
presença o fez reagir mais, ele conversou, ele sorriu, a bela moça disse para o
senhor que fomos a melhor coisa que ele escolheu para aquele senhor naquele
dia... Aquilo foi lindo.
A atuação continuou, pois se mal havia começado e já estava
linda imagina o que tinha por vir... Bem, uma coisa estranha estava
acontecendo, Lindonildo estava diferente após o encontro com o senhor, percebeu
que para trazer conforto e serenidade com uma pitada de alegria não precisou
criar artimanhas engraçadas, falar coisas engraçadas, apenas ser quem ele era,
uma criança crescida, inocente e atenciosa. Isso fez com que a atuação tomasse
um rumo diferente do que Lindonildo estava acostumado, passou de uma atuação
cheia de manobras engraçadas, para uma atuação mais centrada na atenção, no
conforto, na transmissão de paz e de vibrações positivas... Acredito que meu
melhor companheiro do mundo estava meio “cabreiro” comigo naquele dia, mas o
que mais me deixou feliz foi que ele me disse que gostou do modo como o jogo
foi conduzido, que foi lindo, o que deu mais certeza de que Lindonildo está
crescendo cada vez mais, e isso só se deve ao crescimento pessoal e o
aprendizado que levamos com cada olhar conquistado.
A partir daí Lindonildo decidiu não excluir sua alegria, que
o torna elétrico, e brincalhão, mas adicionaram-se ingredientes chamados de fé,
esperança, amor e muita muita positividade. Um fato marcante para isso foi
adentrar em um quarto, onde encontramos uma senhora, que estava com sua filha,
a senhora encontrava-se triste, muito pesarosa com a situação de sua filha que
até então estava cochilando, de certa forma conseguimos despertar a atenção da
paciente, que logo logo conseguiu interagir conosco, e isso trouxe à tona tanto
o sorriso maravilhoso da senhora, quanto da filha dela, nooooooossa, aquilo foi
esplêndido, ela nos chamou de lindos, que nossos narizes eram lindos... Lindo
mesmo era seu olhar de alegria, de satisfação, daí saíram palavras do coração,
de desejo, que em breve tudo aquilo iria passar, ela iria voltar pra casa sã e
salva, e faríamos uma festa, todos do quarto, todos do hospital, todos na
Lindolândia, todos comemorando a dádiva da vida, e que devemos cuidar muito bem
da mesma, pois o brilho de cada um deve permanecer acesso, sempre, independente
da circunstância.
Outro fator marcante na atuação foi em um quarto onde
encontramos uma senhora idosa, muito linda, com sua neta, a forma com a qual
ela nos tratou foi espetacular, conversamos com a senhora como se fosse nossa
vó, ela estava linda, toda vestida de frutinha, Lindonildo e Bartolomeu se
encantaram, e mais uma vez de coração, saíram palavras de conforto,
solidariedade, e de amor de Lindonildo, palavras que mostravam a certeza de que
tudo no final ficará tudo bem.
Bem, não posso terminar esse diário sem falar da danada da
acompanhante de uma paciente muito interativa, e que com simples palavras, arrancávamos
seu sorriso... Essa acompanhante nos pediu nosso bem mais precioso... Nosso
nariz. Foi avassalador, ficamos sem reação, tentamos mudar o foco e o pedido
continuava... O pedido focava em levar um nariz vermelho para sua filha, a
principio Lindonildo lembrou que havia uma coisa muito importante em sua bolsa,
uma bolinha vermelha poderosa, guardada há um bom tempo, e que simbolizava
muita coisa, foi seu primeiro nariz da UPI. Disse a senhora que em breve ela
teria o que queria e continuamos a atuar, bem no fim da atuação a mesma nos
encontra e insiste em um nariz vermelho, e como “prova” nos coloca no celular
para falar com sua filha, confesso que aquela voz suave, de criança, inocente,
e sem pretensões tocou, pelo simples fato de ser natural, decidi entrar no
quarto e buscar meu nariz, meu primeiro nariz, que significou tanta para
Lindonildo e que vai continuar a significar, tanto para mim, quanto para aquela
menininha, que por mais que não tenha a visto, a senti. Bartolomeu já devia
estar agoniado com a situação, sem saber o que Lindonildo aprontaria, até que
voltei com o nariz vermelho na mão, e com a frase “Cuide bem do que sua mãe te
entregará, não é grande coisa, mas tem um grande significado”, aquilo encheu
minha jarra, a jarra de Lindonildo, e acredito que até a de Bartolomeu.
A atuação chegou ao fim, mas a satisfação daquela noite, eu
sinto até hoje correndo pelas minhas veias... Então, essas e tantas outras
histórias, vocês acompanham aqui, em breve.
Obs: No dia 21/11 não pude atuar, justamente por conta de tantos imprevistos, mas pretendo recompensar atuando outro dia com outro grupo.