sábado, 31 de maio de 2014

Creusa Carnaval - visita ao HU - 27 / 05 / 2014


Querido diário, hoje, sinto a necessidade de deixar para falar da atuação em segundo plano. Hoje, de fato, quero agradecer pelo grupo em que fiquei para as primeiras atuações. São nos olhares sinceros de Jully, Saminha e Raquel que o sagrado nervosismo das terças são amenizados! É maravilhosa a oportunidade de "conhecer" pessoas já conhecidas, de conhecê las além da rotina corrida. Que me mostram o erro, mas não querem que eu caia na insegurança, me mostrando as reais saidas. Com elas, de fato, estou conhecendo o real significado de ter "melhores companheiros do mundo". A magia, confiança e pessoas que descobri nelas essa última terça é algo que tenho pensado e repensado.
Focando na atuação, hoje, quero dizer o quanto é bom ser reconhecido.Entrar em um quarto, e um senhor que estava de costas, nos viu pela janela, ficando tão feliz, nos chamando loucamente: "pode entrar, gente boa" , quando chegamos perto, ouvimos:"se eu fosse jovem, faria exatamente o mesmo que vocês. Parabéns! Acho que isso, explica um pouco do amor e realização que sentimos.Fazer sorrir quem tanto precisa. Amenizar a dor do outro. Ser mais o outro do que você. E por último, receber tudo isso de volta, nas formas mais simples.

Frufruta Doce - HUT - 27/05/2014

  Oi, meu querido diário! Estava muito ansiosa pela atuação de hoje, já que a melhor companheira do mundo/monitora Tempestade voltaria a nos encontrar. E como todo clown gosta dessa arte de (re)encontrar, a noite dessa terça prometia! Quem também iria atuar comigo seria a minha doce-azedinha Creusa Carnaval (que acabou conquistando todos os concursos de beleza naquela noite!). Então é fechar os olhos pra se encontrar comigo mesma e no meu olhar mais brilhante encontrar minha energia pra subir o nariz e subir a energia do mundo a minha volta!
Bombom, Mariqueta, Tempestade, Carnaval e Frufruta (eu!)
  Encontramos um menino que não podia rir e nos controlamos para não fazê-lo quebrar essa regra, pois somos estabanadas e inquietas, e pra muita gente é difícil prender o riso diante das três beldades! Mas, pra compensar essa regra, o garoto fazia coisas inacreditáveis como ficar sério (!!!) e piscar os olhos (!!!)  =O
  Passeamos também por um quarto em que havia dois pacientes, e enquanto convencíamos a um mostrar os seus dentes de ouro em um sorriso, o outro começou a gritar muito, e parecia sentir muita dor. Enquanto o moço que estava gritando era socorrido pelas enfermeiras, não podíamos desamparar o senhor de dentes de ouro. Então, mesmo com nossa energia um pouco mais baixa, e sem atrapalhar o quarto, tentamos não deixar a peteca cair e acabou que um sorriso de ouro veio a tona! E pense num sorriso inspirador! Um sorriso sincero pra aliviar o coração mesmo no meio de tanta angústia!
  Depois de um tempo, o moço que havia gritado já tinha sido socorrido e podemos prestar o nosso apoio clownístico a sua acompanhante, que nos permitiu encotrá-la pelo olhar. Lindo e lindo demais!
  Ah, encontramos uma moça que estava distribuindo comida pras pessoas que se chamassem pacientes. Espertas como somos, tratamos logo de mudar nosso nome incluindo o “Paciente” na frente. E não é que funcionou! Ganhamos um pouquinho de chá, que mesmo que escondido, estava tão gostoso que até Carnaval, ops, alguém que não gostava de chá aprovou!!!
  Fomos também a um quarto em que um senhor nos viu pelo reflexo do vidro da janela e nos chamou. Ele era locutor e se derreteu em elogios pra gente! Era um senhor muito alto astral, e ajudou a subirmos a energia de volta! E nem falei que o moço que dividiu o sorriso com a moto (a gente já tinha encontrado ele antes) tava nesse quarto, mas ele se escondeu. E tinha também a senhorinha que acompanhava o fujão, ela elogiou minhas pernas grossas e queria porque queria pegar no meu bumbum! Mas óia!!! Que ousadia!
  E depois ela ainda mandou a gente procurar o que fazer, aí já viu, né!? Lá fomos nós procurar o que fazer. E encontramos; um homem que tava levando uma cama com rodas (!) mandou a gente subir nela pra ele levar a gente pra passear!! Mas aí ficamos com medo de atrapalhar alguém e não fomos...que bobeira...da próxima vez vou sem pestanejar!
  E eu não podia deixar de falar do meu noivo S2  Bem, quando entramos no seu quarto seguíamos o 007, um espião muito bom! Só que aí nos deparamos com um moço que nos elogiou muito, muitissíssimo! Fiquei logo encantada com tanto charme e perguntei se ele gostou de alguma de nós, e era logo de mim! Ajoelhei e pedi ele em casamento! Assim, de supetão. Mas e como ficava o anel? Noivado tem que ter anel! Procurei e procurei um anel pra dá-lo e acabei achando uma bola de assopro rosa perfeita!
  A essa altura eu já tinha que ir porque estava tarde, mas nosso amor durará para sempre...
  Ou pelo menos até Frufruta se encantar com outro moço bonito ;)
  Eu, Frufruta Doce, me despeço - mas só por enquanto! – agradecendo as melhores companheiras do mundo!


  Fico aqui com um gostinho de que quero mais!

Frufruta Doce - HUT - 20/05/2014

  Querido companheiro, hoje é o tão esperado dia em que atuei não só com minha lindíssima monitora Lupita Toin-oin-oin, como também com minha companheira novinha e amiga; Creusa Carnaval. Bem, minha querida Creusa nem tava tão disposta a dar uma volta com a gente por que tava com o pé machucado e dolorido.
Mas eu não podia deixa-la perder esse momento mágico, na-na-ni-na-não!
Mariqueta, Lupita, Rosinha (a quem tive a honra de emprestar
 minha fitinha rosa), Creusa e Eu!
Então fui logo bem sincera, que ela seria a clown manca mais linda daquela noite, e que se fosse preciso levaria ela numa cadeira de rodas (o que seria bem divertido), e o que era preocupação virou um passo de dança! Daí lá fomos nós, com pés machucados ou não, nos entregando inteiras de alma; mergulhamos num lugar cheios de angústias e também sonhos! E quantos sonhos também no sentido real da palavra... As moças esprivitadas nem chegaram tão tarde assim e já tinha muita gente dormindo!
  Pois bem, nós nos assanhamos logo prum quarto bem animado. Conversamos a beça de assuntos feminísticos; de enfermeiros gatinhos que a acompanhante tinha gostado, da vez que a mesma acompanhante quase quebra uma televisão com o namorado, de homens que apagam fogo debaixo da saia de clowns moças assanhadas... Essas coisas que dá vergonha de falar... Mas eu tava sem vergonha ;p
  Pena, porque nessa animação toda me esqueci de contrabalancear tanta energia com uma certa serenidade restauradora. Queria poder ter encontrado o outro com mais calma...
  Mas também gostei de ter explorado um lado tão reprimido às vezes, um lado sensual que torna a mulher mais mulher. Bem, toda nossa empolgação ajudou as assanhadas daquele quarto a sonhar junto com a gente, numa viagem em que os problemas ficavam do lado de fora e a gente se sentia à vontade pra fazer o que quisesse, até pra falar feminices. Então pude perceber que o clown é especialista em tudo! Inclusive em encontrar o outro de uma forma mais íntima e inusitada ;)
  Só que claro que esse alvoroço iria me deixar de orelhas em pé, pra eu não acabar alvoroçada demais e perder a sensibilidade de como devo conduzir um próximo encontro. Percebi que toda nossa energia era boa se puder ser controlada e usada da melhor maneira possível, e que fiquei triste ao perceber que minha companheira Lupita se continha para equilibrar o grupo. Acho que quero buscar nosso equilíbrio em conjunto, pra que ninguém se abstenha!
  Eu, Frufruta Doce, me despeço – mas só por enquanto!- agradecendo às melhores companheiras do mundo!
  Fico aqui com gostinho de quero mais!

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Creusa Carnaval - 20/05/2014 HU

A atuação dessa terça teve algo de novo, era a primeira vez que eu iria atuar com uma novinha. Aquele frio na barriga, a incerteza se iria dar certo ou não, se eu seria uma boa companheira para aquela que tanto espera de mim. Enfim, os n’s motivos que nos levam ao hospital com uma ansiedade louca. Ao chegar no local, comuniquei que iria atuar mancando, pois estava com três calos que doíam muito e desde já pedi desculpas caso atrapalhasse em alguma coisa, porém, como todo melhor companheiro do mundo,a Jully disse logo: você vai esquecer da dor e se não esquecer fazemos disso a nossa dança essa noite. Fiquei mais confiante por ter ao meu lado uma companheira que é compreensiva e que em palavras e um olhar me enchia de forças. Começamos “os trabalhos”. Todos os quartos tivemos algumas “dificuldades” porque a maioria dos pacientes já estavam dormindo, mas, não deixamos os acordados sem nossa visita,nesses quartos, optávamos por jogar com um silencio e fazer um jogo mais rápido. Apesar de todos os quartos serem encantadores, por cada um te proporcionar algo de diferente, o todo especial dessa noite foi aquele em que viraríamos pop star, encontramos até com Susana Oliveira, modelos internacionais, que estavam no estúdio da rede globo gravando uma cena da novela, e disseram que seria um prazer se fizéssemos parte do elenco, tendo a aprovação dos atores, saímos em busca do diretor, entretanto do meio do caminho, encontramos um mágico, que pedíamos uma coisa e ele fazia aparecer outra. Nesse mesmo quarto encontramos o pai de Silvio Santos, que tentou fazer um aviãozinho para que pudéssemos tomar o nosso tão pedido guaraná, mas explicamos que em nossa terra, o dinheiro não comprava nada, e que se ele nos desse um sorriso, iríamos chegar lá com o sorriso e assim ganharíamos o produto. Além disso, a noite que já estava especial, não podia terminar apenas especial, ainda faltava um “q” , sendo esse resolvido, quando nos demos conta que mais 3 outras companheiras nos assistiam e entravam no jogo. Se atuar com duas já é eletrizante, atuar com 5, mesmo que por acaso e rápido, é sem palavras.

Caminhada Luta Antimanicomial 23/05 - Lindonildo Varão

Eita, que esse diário está cheio de alegria pra contar, primeiramente que lindo, que lindo que Lindonildo está de volta... Depois de tanto tanto tanto tempo sem levantar aquele nariz lindo, sem mostrar sua energia, sem mostrar o lado lindo de atuar. Confesso que Lindonildo se acha um “calouro”, por ter atuado uma única vez no abraço grátis e de uma forma não tão agradável. Então... Lá fomos nós, roupas, maquiagem, nariz e lá estavam Lindonildo e os melhores companheiros do mundo. O “agito” ajudou muito... 
Aquele som de terreiro fez com que eu e os melhores companheiros do mundo nos aquecêssemos e agitássemos com a galera, dança aqui dança acolá começou a caminhada, e Lindonildo achando um máximo, pois ele estaria indo para o rio, encontrou várias amigas que iam com ele e não sabiam nadar, pra todos um máximo nadar sem saber, bem desafiante... Vale salientar que o tempo todo Lindonildo mostrou-se cantor, afinal ele é especialista em tudo, em nadar sem saber, cantar, fazer amizades, e um dos pontos altos da caminhada foi uma ciranda, que por sua vez começou com uma roda que girava e cantava por si só, mas que depois com a ajuda da minha melhor companheira do mundo Mariqueta Boabunda ...
...descobrimos que Ciranda era na verdade uma ídola que havia chegado um pouco tarde para o evento, mas que não a impediu de subir nas asas de Lindonildo e voar dando o ar da graça para todos seus fãs que tanto a aclamavam... 
E a atuação foi seguindo, Lindonildo decidiu virar super herói depois de ser pedido por uma senhora para salvar o mundo e lá foi.

Lembro-me que Lindonildo junto com Mariqueta conseguiu parar um carro com a força do pensamento e o movimentar, foi um máximo. E daí o tempo foi passando e a fome foi batendo, e Lola Goiaba com sua sabedoria descobriu que a luta tinha algo haver com comial (muita sabedoria)...
 ... e daí fomos procurar comida, e não é que achamos vários geladinhos, tinha vários sabores, e daí foi que Lindonildo descobriu que quem fazia esses geladinhos aparecerem era sua mágica e daí saiu fazendo mágica e ajudando a todos que com fome também estavam. Salientando também que em contrapartida Lindonildo arrasava com Frida em uma dança não entitulada...
A caminhada continuou, e por mais que fossem muitas pessoas, ainda assim arrisco afirmar que houveram muitos encontros, e o que mais afirma isso foi o ponto alto da atuação foi Scooby, pra quem não sabe Scooby é um dog que Lindonildo encontrou em meio à caminhada e que lindamente lhe acompanhou e lhe atendeu a cada sentença, fala vem scooby, scooby vinha, falava para scooby, scooby parava, falava scooby você vai levar uma surra por fazer cocô na rua, scooby infelizmente continuou fazendo, scooby é tão fofo que até pra tirar foto ele não perdia a pose...
Valendo salientar que Chana é eterna, mas que a vida segue, e Scooby ta ai pra provar isso.  Enfim, essa atuação me fez voltar a ter aquele sentimento de realização, de satisfação pessoal, de vontade de permanecer firme e forte na UPI, de perceber que não tem mal que não seja resolvido com um nariz vermelho e pessoas maravilhosas ao seu lado!!!

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Observação na Maternidade de Juazeiro - Lindonildo Varão 15/05

Oi diário, infelizmente terei que escrevê-lo novamente, pois perdi o diário anterior, até hoje não sei o que aconteceu com o bendito documento. Pois bem, foi a minha primeira vez em uma atuação imposta em um ambiente “hospitalar” e não, eu não pude atuar :(

Foi muito triste ter só que observar minhas melhores companheiras do mundo Karol e Luminha levantando os narizes e transformando-se em Josefina e Feliponga, repito que embora muito lindo vê-las atuando, foi angustiante, foi triste, pois Lindonildo dessa vez teve de se conter e deixar Victor Hugo observar, analisar mais todo o ambiente.

Devo salientar as vantagens de se observar, pois através disso você percebe coisas que na maioria das vezes passariam despercebidas, perceber o modo como as pessoas recepcionam cada jogo, a forma como elas interagem e até o fato do que isso influencia em sua pessoa naquele momento.

O lado ruim mesmo de observar é não participar e ter que se passar por despercebido, quase que impossível, mas que no fim é muito compensador.

Fica somente a vontade de voltar lá de novo e ver o que Lindonildo vai aprontar...

P.S: A demora de postar o diário foi justamente o fato de o ter perdido em meio a mil documentos no computador e falta de internet em casa !

SOBRE UMA PRIMEIRA ATUAÇÃO NO HOSPITAL – PEDRINHO PALITO


Agora vai , depois de algumas atuações na rua e na maternidade, finalmente chegou a minha vez com minhas companheiras fixas e no local que ficarei nesse período. Dom Malan.
Nesse belo dia quando cheguei meu coração já começou a acelerar e eu tava sentindo que aquilo ia ser bom... Apesar da maquiagem ainda não estar completa, nos viramos com o que tinha ali e estávamos bem felizes, com a energia limpa e disposto aquele dia.  E chega a bendita hora de subir o nariz, cara veio tanto coisa na minha cabeça, desde a formação, “formatura”, abraço grátis, semana do humaniza SUS, tudo, e toda minha energia presente ali dentro de mim estava sendo reativada e a sensação era boa, muito boa e eu queria e queria muito.... POW, estourou e Pedrinho estava ali agora com a Bibelô Titchely e Josefa Sukiyaki.

O calor tava de matar e tivemos que sair daquele quartinho e o jogo já começou, fui pego tão de surpresa que uma mulher me pegou no braço e disse: Vamos ali fazer uma criança feliz;  até ai tudo bem, ai ela foi me puxando pra área de oncologia o.O muito medo, eu podia entrar ali? Fiquei sem chão e sem saber se podia adentrar ali, tentei alertar minhas companheiras, mas o Wagner não podia vir a ativa e senti o “compra o jogo do outro” e me entreguei e fui ;D
A mãe da menina lembrou que outros companheiros tinham passo ali dias atrás, ela estava bem aberta para o jogo e queria que sua filha também estivesse, mas apenas não era o dia, conversa vai e conversa vem, Bibelô sai dali com uma trança em direção a recepção onde tinha um plaquinha “ADOTE UM COPO” que lindo, podíamos adotar algo, fomos para fila de espera adotamos o nosso copo, tudo nas conformidades da lei , tiveram testemunhas e até madrinhas que deram o nome a ele de ONQUINHO, pois bem agora ele estará com agente no decorrer dessa atuação...
Encontros e desencontros, fotos e mais fotos, nos deparamos com varias crianças que estavam ali por causa de um tal de antibiótico, nossa missão era encontrá-lo ou quem sabe fugir dele também. Pais, mães, crianças e onquinho... O jogo tava fluindo tão bem, alguns estranhavam a presença de um copo no meu braço e tal, outros até explicavam aos seus filhos que ali também era um filho da gente. Os adultos tavam no jogo ali também, sempre a alerta conversando conosco, contando historias, sorridentes (notei agora que os pais que estavam ali presentes gostavam de conversar e de sorrir ;D que bom então, isso ajudou bastante para conseguir manter o jogo, até o onquinho com sua participação super ultra mega power especial contribuiu para que o jogo fluísse naquele dia).

Bem, nunca tinha atuado com essas meninas, amei, que venham mais e mais vezes, aprendi muita coisa com elas com os pacientes, cada dia que saiu da li me sinto mudado e com a jarra voltando a encher *.* 

Capitulina Lingua Frouxa - HUT_ 24/05/2014

E chegamos a mais um sábado corrido cheio de coisas da universidade pra fazer mas de repente eu me vejo na expectativa de encontrar minhas companheiras que irão, pela primeira vez, atuar junto comigo. Foi a primeira atuação sem um outro companheiro, digamos, mais antigo junto o primeiro experimento pra elas de como é ser o apoio do melhor do mundo em qualquer situação! 
Posso dizer que fiquei encantada com os encontros e reencontros da noite, com as estatísticas da mais perfeita pesquisa feita por aqueles corredores cheios de dor e enxergar em cada quarto, em cada leito o olhar de esperança e de união que ali reside pela recuperação do outro.
Devo, desde já afirmar que as companheiras foram as melhores das melhores do mundo no que fizeram naquela noite! As melhores pesquisadoras, as melhores em ser piores em dirigir, as melhores em sintonizar o rádio à partir das antenas que as pessoas tem pelo corpo por lá! Ver o brilho nos olhos no fim da noite foi a melhor parte de tudo.
Uma pena apenas da noite foi perder um companheiro que ganhamos por lá, a verdadeira personificação da alegria do local, entretanto ficamos ao mesmo tempo felizes de saber que o pai dele recebeu alta! Yey! 
Enfim, depois de uma semana tão estressante, tão cansativa, com tantos tapas que a vida pode dar ter as companheiras por perto e poder reencontrar Capitulina foi a melhor parte da semana inteira, recompreender em cada olhar o motivo porque eu quis entrar, quis realizar o "trabalho" que no fim das contas é uma diversão! 

Espero poder, à partir de hoje, encontrar em cada olhar um abraço apertado e fresquinho que igualzinho a esse ai!!!!



Bartolomeu Barbudo - Atuação no HUT - 22/05/2014

A cada atuação, eu sinto mais forte que eu estou no lugar certo, fazendo a coisa certa. Vestir meu figurino, subir o nariz e virar o Bartolomeu Barbudo é uma das melhores coisas que eu faço na vida universitária.

A atuação deste dia foi linda, com Pietra Fofolete e Testa das Frituras

Eu já estou vendo várias coisas boas de se atuar com frequência no mesmo lugar. Algumas pessoas já são conhecidas, a gente lembra do encontro da semana anterior. E pra mim, uma das coisas mais gostosas que está acontecendo é reencontrar como palhaço pessoas que eu conheci como estudante. É muito legal ver a cara de confusão ou de dúvida delas, eu acho que com um sentimento de "eu já vi esta pessoa antes, de algum lugar". Ainda não me descobriram, ainda. rsrsrs

No começo da atuação, encontramos um paciente conhecido da semana anterior, que adora um corredor, nunca fica parado no canto. Desta vez, ele estava sentado numa cadeira na ponta do corredor, vigiando todo o movimento daquela noite, parecia o senhor daquelas terras! A namorada dele estava o acompanhando e brincou muito com a gente.

Outro quarto tivemos a companhia da Dona Formiga, uma senhora que adorava um açúcar! Ela estava levando bronca da filha e da sua vizinha de leito, para controlar a boca. Eu disse "Mas tem nada não Dona Formiga! É só a senhora parar com o açúcar, recuperar a saúde e dar bronca em todo mundo de volta". Dona Formiga é uma lindeza! 

E tivemos muitos encontros bons, muitos momentos que fazem da UPI a coisa marlinda de fazer parte!!

E eu quero mais!

Lulu Fiapinho - 1ª Atuação Maternidade de Juazeiro 19/05/2014

Demorei mais de uma semana pós-atuação pra vir aqui colocar meu diário.
Muita, muita coisa aconteceu. Ia escrever no dia mesmo, mas, além de ter ficado esgotada durante toda a tarde, tivemos uma reunião bem profunda a noite que me deixou sem vontade nenhuma de escrever o que eu tinha vivido pela manhã.
Não, não estou dando desculpas, hoje descobri o porque de tanta demora. Eu precisava de uma força motriz, um fato gerador que me impulsionasse a escrever essa primeira experiência. E esse fato veio hoje, de forma totalmente externa ao ambiente hospital e à UPI. Veio com alguns baques em outros campos da vida que me fizeram lembrar o quanto é bom subir aquele pontinho vermelho no nariz. E agora, sem mais delongas, estou aqui.
A noite anterior à 1ª atuação foi bem agitada! Diferente do dia do abraço grátis estava nervosa e um pouco apreensiva. Sem falar na ansiedade de voltar ao ambiente hospitalar, tão íntimo pra mim, mas que fazia tempo que não visitava.
Fiquei pensando a noite toda se devia ir ou não, se estava pronta... A cabeça cheia de dúvidas.
Mas aí fui, e fiz tantas mas tantas descobertas que se fosse contá-las todas não caberia nesse diário, sem falar que vocês perderiam a vontade de vir aqui depois dar uma olhada nas minhas futuras aventuras.
Chegamos, eu e minhas companheiras, e logo fomos nos preparar. Descobri que talvez eu acumule mais energia na minha caixinha, antes de explodir em Fiapinho, no silêncio e sozinha, minha cabeça continua falando alto demais e às vezes música ou prestar atenção nos outros me distraia muito. Enfim, subimos os narizes.



Saímos em busca do novo, o fato de não conhecer o local direitinho deixou tudo ainda mais emocionante.
Lá tinha muitas, muitas pessoas pequeninas, chorando e reclamando: não queriam tomar banho, descobrimos. Muitos não tinham nomes e fomos logo procurar os que tinham dois, fazendo a proposta para esses dividi-los com os que não tinham. Descobrimos que lá os meninos vestiam azul, as meninas rosa, e as vovós verde, mas de repente tinha um pequenino de verde, seria ele vovó também? Encontramos também aqueles que não queriam ser encontrados, mas Fiapinho nem se frustrou, deixava um sorriso e passava para o próximo quarto.


E assim fomos, conhecendo vovós, mamães, papais, e muitos pequenos que acabavam de conhecer o mundo, assim como nós, e que dormiam (preocupadíssimos com a Copa e os impostos) ou choravam pedindo Leito (lá tinha placas que diziam "leito", achamos que era uma nova forma de escrever "leite" :B ).
Haviam filas para o banho longas como as do INSS. Haviam moças com grandes barrigas que tinham engolido melancias, melões ou estavam com gases. Haviam moças com dor, mas que em meio a gemidos até que soltaram gargalhadas.


As pessoas que trabalham naquele lugar são bem legais e gostam de azul assim como Fiapinho e assim como eu. Inventaram de fazer prova conosco, faziam perguntas que respondíamos e depois nos davam 10! Fiapinho acertou todas! Uma senhora de azul tirou a pressão de uma moça que tinha engolido uma melancia e não queria devolver, mas resolvemos o problema!


Daí veio a parte mais difícil da manhã. Pessoas médias. Aquelas que não são nem pequenas nem grandes sabe? Fomos para um lugar que tinha várias delas, pareciam cansadas e tristes, estavam doentes disseram. E mesmo cansadinhas eram bastante espertas, mas conseguimos que desfilassem pra nós, em troca de emprestarmos nossas roupas, e também porque contamos o segredo: quando uma voz chamava o nome delas bem alto tipo assim "FIAPINHOOO" elas melhoravam e podiam ir pra casa!



A manhã já se estendia tanto que dali a pouco seria tarde, e um moço que nunca achamos nos chamou pra resolver um problema. Em meio a procura dele, encontrei pessoas que conhecem a AnaLu e fiquei com medo de como seria quando conhecessem Fiapinho, mas nós duas, ou eu, ou ela, conseguimos tirar de letra.
Voltamos ao começo, e baixamos o nariz. Realizadas e cansadas, conversamos sobre as nossas impressões. Achei bem legal essa parte, pois percebemos como cada uma de nós vê as coisas e os detalhes. E minhas companheiras foram exemplares! Voltei pra casa e dormi bastante (mesmo sem poder). E agora tô contando as horas pra voltar pra lá, tomara que não demore!


Beijos de lu(lu)z! (AnaLu/Fiapinho)

terça-feira, 27 de maio de 2014

Teca Lua Cheia - Atuação no HDM - 23/05/2014

Sobre querer e voltar 

Sobre todas as coisas que eu quero, quero outro dia como esse. 
Quero os mesmos olhos, os mesmos olhares que se encontram e se reconhecem. Olhares que exploram o outro de uma maneira ainda não vista. Quero olhos que olham de verdade e vêem muitas vezes o que eu mesma não sou capaz de enxergar em mim. Talvez o que eu esteja querendo é ver de verdade. 
Há algum tempo os meus olhos vinham se entristecendo com o que viam. Eles sentiam falta de tudo, do tudo. Parecia não haver mais nada. Parecia que tínhamos pego estradas erradas. Sabe quando vc está pela primeira vez num caminho e olha pro lado por 5 segundos e perde aquela placa que indicava o caminho correto? Daí você caminha, caminha, caminha mais um pouco em busca da placa e nada dela. Quando começa a achar estranho tanta demora, finalmente encontra uma placa que diz: retorno. Aí você resolve voltar, não por ter certeza, mas porque tudo aquilo já está muito estranho. Talvez voltar depois de uma jornada cansativa e sem sucesso seja a melhor decisão. Talvez voltar seja necessário. Talvez voltar faça bem. Nesse dia voltamos. E foi bom. Então escrevo no meu diário sobre o bem que faz voltar, pra que eu nunca me esqueça de que ao me sentir perdida o melhor a fazer é voltar as origens. 
Então eu voltei. Então eu volto. Enquanto aqui dentro pulsar esse mesmo sentimento, enquanto houver amor, enquanto eu puder amar, eu volto. 



Sobre a volta e os encontros 
Uma coisa é certa: ao voltar por aquela mesma estrada você vai encontrar alguma coisa. No meu caso, encontrei o que procurava. Encontrei dois pares de olhos vivos, atentos, entregues, que me olhavam de uma forma carinhosa e singela e assim, me senti acolhida. Me senti em casa. Senti muito profundamente que estava no caminho certo. Senti uma vontade imensa de me jogar naquele mar de branco e vazio e me permitir viver tudo aquilo. De repente, o medo foi embora. A insegurança abriu espaço pra curiosidade e pro querer. Minha jarra, antes tão vazia, cheia de teias de aranha, foi se enchendo ao ouvir os barulhinhos que os pés e a respiração acelerada dos meus companheiros faziam. Abrir os olhos, encontrar Esperança samba canção e Rebeca Pouca Janta foi uma sensação indescritível. Então estávamos ali, cheios de vontade, querendo ir. Então fomos. 
Fomos e percorremos um caminho recheados de outros olhares que nos observavam curiosos. Demos de cara com uma pequenina dona de olhos assustados que começou a chorar com a nossa presença. Primeiro momento difícil. O jogo continua, cativar não é tão fácil assim. Alguns momentos depois, percebi que a pequenina chorosa nos observava do colo da mãe. Atenta. Agora não mais com expressão de choro, mas de curiosidade. Calma, Teca... O jogo é lento, o caminho precisa ser trilhado com cuidado. Então, após histórias que envolviam muitos canos com água e suco tang de framboesa e goiaba; cravos que encontravam suas rosas em uma dona sorridente, sentimos que podíamos nos aproximar. E assim fizemos. Recebemos um sorriso e a mãozinha da pequenina que vocês já conhecem tocando as nossas. 
Seguimos nosso caminho e encontramos muito outros olhares, sorrisos, alguns já conhecidos, outros nunca vistos. 
Chegamos ao jardim. Dentre violetas, crisântemos e rosas, conhecemos um girassol. Mas, pra mim, ela mais parecia o sol. Seu sorriso sincero me enchia e fazia meus olhos brilharem cada vez mais. Ela, que já havia encontrado sua chave vermelha em forma de nariz, prometeu ajudar as outras rosas a encontrarem suas chaves pra que elas pudessem conhecer o dom da fala. A outras flores não conversavam verbalmente, mas respondiam com o corpo. Aparentemente elas tinham passado por uma tal cirurgia para receber guaraná e água de coco por tubos e facilitar o processo de beber água, dispensando o uso de copos. No jardim ao lado encontramos a mamãe noel e um senhor que estava estagiando pra ser o próximo papai noel. O processo parecia meio complicado, mas a mamãe noel assegurou que era muito fácil. Acho que pra ser mamãe/papai noel basta querer e pintar o cabelo de branco. O método de pintura você decide. Tudo serve: farinha, trigo, creme dental... Tudo dá bons resultados. 
Continuamos nossa caminhada por esse jardim. Encontramos duas florzinhas miúdas. Me perguntei o que elas estariam fazendo ali. Flores tão delicadas, que nem desabrocharam direito já estavam ali naquele jardim, enquanto elas deveriam estar em parques, parquinhos. Mas, não cabe a nós decidir ou tentar entender quem vai para o jardim. Acho que não existe regra. Não tem tempo certo. Ainda acho que somos muito pequenos pra tentar entender todos esses mistérios. Deixemos então com o 'Grande Jardineiro' que entende as necessidades de cada um e sabe com detalhes a história que vamos viver aqui. E, naquele momento, aquelas duas flores não eram flores. Elas eram nobres: a Princesa Didi e a Abelha Rainha. Cada uma com sua delicadeza, com sua beleza. 
Mas, uma em especial roubou meu coração... Ah, Princesa Didi... Você não sabe e talvez nunca saberá o quanto mexeu comigo. Você, que no inicio ignorava nossa presença ali, me fez querer saltar de alegria ao sussurrar um 'É' com sua voz suave respondendo nossa pergunta. A cada vez que você levantava seus olhos e olhava pra nós eu sentia a necessidade de dar o meu melhor. Sentia a necessidade de abrir cada vez mais meus olhos e meu coração pra você. Queria que você sentisse que estávamos ali e acreditasse que, naquele momento, você era sim a Princesa Didi. Era também a Princesa Testa no Joelho. Aquele era o seu reino. E ao ver você finalmente encontrando a gente, pensei comigo ao olhar pros meus companheiros: Didi, a esperança está aqui (mesmo que ela esteja de samba canção ^^). Quis dizer isso pros seus pais que estavam ali com você. Quis dizer a vocês que havia amor ali. Que há motivos para acreditar. E isso se traduziu quando você começou a distribuir beijos voadores pelo quarto inteiro. Porém, ao ver seus olhinhos se arregalarem com a chegada da moça de branco com uma injeção na mão eu quase desmoronei. Você começou a chorar desesperada. Pedia a moça que por favor parasse. Dizia não o tempo inteiro. Eu nao conseguia me segurar. Quis sair dali. Segundo momento difícil. 
Eu queria sair, mas não sabia se era certo sair. Não sabia se era justo com você. Quer dizer que a gente só ficava lá com você nos momentos bons? Não! Eu queria voltar. Peço desculpas aos meus companheiros por não saber o que fazer nesse momento e agradeço por eles não terem me deixado cair. Voltamos e a Esperança começou a fazer malabarismo, acompanhada pela dança da Rebeca. Agora eles eram observados pela Abelha Rainha e pela Princesa Didi. Saímos para um passeio real e nos despedimos com mais beijos voadores. 
Encontramos outras pessoas. Grandes e pequenas, as vezes muito pequenas e até aprendemos um lepo lepo diferente entoado por crianças animadas.
Caro leitor, peço desculpas pelo texto gigante, mas não podia deixar de escrever tudo isso aqui. Pra finalizar, deixo meu muito obrigada a Gled e Débora por esses momentos incríveis! Obrigada por estarem ali, por estarem realmente ali. Obrigada por quererem muito tudo aquilo! Desejo que venham mais dias como esse e que o caminho de vocês seja recheado de encontros verdadeiros. 
Um abraço, Teca Lua Cheia. Cheia de vontade de fazer o caminho de volta.

Esperança Sambacanção - Primeira atuação - Dom Malam

                                                                  In vino veritas.
O que preciso dizer é que minha primeira atuação superou minhas expectativas, o que eu preciso afirmar é que sim, eu tenho as melhores companheiras do mundo, Teca Lua Cheia e Renata Ingrata, Ops! Rebeca PoucaJanta eu digo, foram duas lindas, que como quebra cabeça se encaixaram perfeitamente ao ritmo de Esperança, a atuação se manteve agradável e surpreendente como um bom vinho que se toma em noites frias. Mas como um vinho não é nada sem uma boa companhia para brindar as taças, minhas duas companheiras foram essenciais para o sucesso da degustação. Cada quarto que entrávamos era como um gole desse vinho caro, porque vinho quando é bom, a cada gole que se bebe experimenta-se uma sensação diferente, e assim foi, cada momento único, cada gole inesquecível, bebi como quem experimentava vinho pela primeira vez, e de fato era.
Alguns encontros harmonizavam perfeitamente, parecia premeditado, parecia feito pra acontecer, eram combinações perfeitas, foi o sorriso amarelo da paciente com o verde da calça de Esperança, pra lembrar a brasilidade que se fazia presente nos quartos que entrávamos, a Rebeca que insiste numa fome que não cessa dentro do Hospital onde a janta é realmente pouca, e no fim um anoitecer que chegou discretamente pra que a Lua Cheia de Teca pudesse brilhar ainda mais.
            Deixei muito de mim por onde passei, e levei comigo muito dos que ali estavam. As sensações daquela sexta-feira ainda estão aqui e sinto que não vão embora fácil. O sentimento de dever cumprido ficou em mim, e a vontade de continuar se fortaleceu ainda mais, Esperança aprovou tudo aquilo, os brindes e harmonizações foram únicos. Não vejo a hora da próxima garrafa de vinho.
            Hoje o núcleo do dia será “Rolha”, a rolha do melhor vinho que já tomei, a rolha que na vida real eu sempre guardo de recordação ao abrir uma garrafa, e por fim a rolha imaginária que eu tirei do meu coração pra tampar o vazio que por acaso existisse nos corações de quem eu encontrei. 

Vivi Manteiguinha - 2ª Atuação no HU - 24/05/2014

Segunda atuação, e os mesmos medos e inseguranças da primeira atuação persistiam. O bom é que ainda temos pequenas migalhas dispostas para nos ajudar. Foi novidade também porque atuei pela primeira vez com Cassandra Paçoca, e pude observar nitidamente sua evolução desde o dia que a observava atuar, seu clown está crescendo tanto, e poder ver essa transformação ao mesmo tempo em que me faz feliz, me ensina tanta coisa. Está me dando a segurança que vamos precisar quando formos atuar sem os monitores. Só Vivi e Cassandra. Zeca aventureiro estava ausente dessa vez, mas Capitulina Língua Frouxa estava lá, com suas tiradas perfeitas, seu senso de humor e sua felicidade que irradiava por cada quarto em que passávamos. E Zeca mesmo ausente era lembrado por aqueles por quem havia cativado.
Esse sábado em particular, minha energia não estava 100%, e não me doei o tanto que eu poderia, ou o tanto que eu partilhei na minha atuação. Mas ela não deixou de ser menos especial pra mim. No primeiro quarto que entramos tinha uma senhora que me marcou bastante, ela era tão pequena e parecia tão frágil, que a neta carregava no colo. Ela não falava, e nem fiquei sabendo do seu padecimento, mas sua neta era tão ativa que nos auxiliou no nosso jogo. No segundo quarto, encontramos o senhor J, que tinha 100 anos, CARAMBA 100 anos, e mostrava uma vitalidade, maior que o de muitos jovens, mesmo ali acamado. Ele só falava em Jesus, e teve momentos em que se “retava” conosco. Ri muito. Nesse mesmo quarto se deu inicio a nossa pesquisa bastante séria das causas dos acidentes de moto, e ao longo dos quartos achamos gente que foi desviar de bicicleta e caiu, batida de moto com moto, moto com carro, moto com ônibus, moto com caminhão... moto, moto, moto. Acho que nunca mais vou andar de moto, quero todos meus membros inteiros. Mas o campeão dos caimentos, tchan tchan tchan, os buracos, e como diz Capitulina, aqui em Petrolina chove buraco e não água.
Para terminar meu diário deixo meu pesar e minha alegria, meu pesar, porque nosso companheiro D dos dois sábados em que atuei vai pra casa e alegria porque o pai dele finalmente foi liberado. D me mostrou como uma pessoa pode ser contagiante e transmitir tanta alegria mesmo diante das adversidades, ou de locais que muitas vezes não favorecem a felicidade. Ele conhecia a maior parte dos pacientes do andar em que seu pai estava, dançava pelos corredores, conversava com todos. Distribuía sua simpatia por aquele andar. E nos ajudou muito, mesmo sem saber, na construção dos nossos jogos. D vai fazer falta nas atuações.

E sem mais delongas, espero ansiosamente pelo próximo sábado; quero que dessa vez eu possa me doar 100%.


Teka Aquarela - 2ª Atuação no HU - 20/05/2014

Passei um tempo sem saber como por em palavras como foi a atuação de Teka na semana passada e hoje cheguei a conclusão que ainda não sei. Olhar para a tela e não ver as letras surgindo dão a sensação de que não tive sentimentos grandes o suficiente para que transbordassem por si só – e tentar ouvir aulas de francês enquanto se faz isso, não ajuda!- e por isto, tento puxá-los para dar cor a um dia não tão colorido.A busca por uma sensibilidade que hoje não parece presente e a chance, sem sucesso, de repetir o mesmo afeto que Teka teve ao dar voz a olhares tão silenciosos. 

Naquele dia, não fui com o pensamento fixo na atuação. As prioridades eram outras e o cuidar que tanto prezamos poderia passar despercebido se não houvesse um pouquinho de atenção. Cheguei a pensar que não atuaríamos. Foram tantas coisas faladas em tão pouco tempo! Foi uma noite turbulenta em vários sentidos.

Altas revelações: encontramos atores globais, re-encontramos velhos BFFs e a rosinha quase perdeu o pudor  -até descobri que meu olho foi feito a partir do caco de vidro de um prato barato! Atraímos olhares para o corredor, aprendemos como andar disfarçados, e nos auto-convidamos para ir a pria na terra do gesso. 

Depois de cada grupo atuar em cada andar, a coisa mais engraçada  que aconteceu foi de os 2 grupos se encontrarem em um mesmo andar e começar a atuar juntos!( mesmo que por apenas poucos minutos ) Alguns pacientes mal conseguiam olhar para nós sem dar risada.

A atuação foi curta.Começamos tarde, embora tenha rendido bons frutos. Atuação curta, curto igual a este diário.



segunda-feira, 26 de maio de 2014

Diário de bordo do Joaquim Marmiteiro - 22/05/14 - HUT

Diário de bordo do Joaquim Marmiteiro - 22/05/14 - HUT

Tirando o fato de o Joaquim estar um pouco desatento, foi outra ótima experiência. Sobre desatenção me refiro a uma ou outra escorregada, como o fato de perguntar boa noite a uma "senhora" e ouvir um "boa noite" em um alto, grave e bom tom; ou ainda ao perguntar a uma outra senhora se ela era mãe do paciente (era irmã). Mas nada que atrapalhe o jogo, de forma alguma. Essas escorregadas acabaram por dar um dinamismo saudável aos encontros. E esses encontros são muito saudáveis por natureza. É um espaço em que esquecemos de problemas fora daquele espaço. Talvez seja por isso que a Unidade de Palhaçada Intensiva pode ser entendida como uma atividade que é terapêutica também com os cuidadores.


As melhores companheiras do mundo foram a Zefinha Laranjinha e a Catarina Polenta. Que companheiras. O Joaquim se lisonjeia a estar do lado de tamanha simpatia, vontade e disponibilidade para o que der e vier.

Uma situação que muito me chamou a atenção foi entrarmos num quarto em que acabamos por não proferir palavra alguma. Foi inusitado, pois não havíamos pensando em agir assim antes de entrarmos. E foi incrível. Uma das experiências que eu e o Joaquim vamos levar para toda e qualquer situação.







                                                                                                                   

Zefinha Larajeira - Diário de Bordo - Atuação no HUT - 22/05/2014

" Que bom que as pessoas estavam tão abertas para os jogos... Que bom que nós (Zefinha, Joaquim e Catarina) estávamos tão atrapalhados hoje...Que bom que conseguimos agrupar todas as pessoas do quarto nos jogos... Que bom sentir a energia espalhada pelo quarto quando já não estamos mais lá... Que bom que as coisas que a gente fez de "errado" renderam boas gargalhadas... Que pena? (...) Que tal tentarmos continuar desse jeitinho?"

Olá diário,
Talvez a melhor forma de falar sobre a última atuação seja exatamente essa... Um misto de euforia, satisfação, sorrisos descontrolados nos corredores e leitos foram os sentimentos que tomaram conta de Zefinha durante a noite no HUT. Falatórios e gargalhadas em um quarto, silêncio absoluto e muitos gestos em outro... A disponibilidade do outro é algo tão fantástico que dá "combustível" para nos comunicar sem uma palavra ser dita (e melhor, sem que ninguém sinta falta delas... Nessa hora entendi o significado dos temidos picadeiros). As gargalhadas gostosas da Dona Denise... o sorriso "espontaneamente forçado" do velhinho (que nem quis muito papo conosco) em agradecimento à moça que distribuía sorrisos... o esforço do casal pra nos contar, através de gestos, porque estavam no hospital... o quarto que nos presenteou com uma sessão de mágica... a moça, que mesmo com medo, nos fez a gentileza de abrir a porta pra podermos pegar o trem pra casa.  Cada um desses momentos fez com que Zefinha, Cássia ou as duas (agora não sei mais) saíssem de lá com "a bateria" recarregada! 
Peço desculpas pela não linearidade do diário, talvez tenha sido mais um devaneio do que um relato da noite. Mas, foi exatamente assim a atuação... sem nada certinho, tudo numa coisa só.
Até semana que vem! 










domingo, 25 de maio de 2014

Toquinho de Geres - primeira atuação no Hospital Dom Malan, 17/05/2014

Acordei meio ansiosa, apesar de que só iria observar. Por alguns probleminhas (a maquiagem não estava disponível e a companheira Loy acordou não se sentindo bem), a atuação atrasou e eu fiquei, então, de atuar. Ainda bem que levei a roupa...
No banheiro, subimos o nariz ao som de um rap e ali nos reencontramos com Hércules, Lola e Toquinho. E ai? Seguimos direto no corredor ou viramos à esquerda? A senhora que passava disse, na sorte, que deveríamos ir para a esquerda. Então assim fomos em direção ao setor de oncologia, deixando para outro dia a pediatria. Mal sabíamos que ali tinham duas crianças que queriam muito nos ver - segundo a enfermeira.
Primeiro, encontramos o menininho, muito novinho e carequinha. Tentamos uma aproximação tímida. Não tivemos muita reação, seus olhos estavam ainda muito apreensivos, e nós muito hesitantes. Logo ali do lado, havia o leito de uma menininha, mais velha que o menininho. Com ela, a abordagem foi ainda mais contida. Isso por que ela parecia ainda mais debilitada e quando nos viu, começou a chorar. Meus companheiros e eu ficamos sem saber o que fazer. Fomos a outro quarto, até que a enfermeira nos disse que a garotinha achou que estávamos ali para tirar a sonda dela. Voltamos, mas não recebemos muita reação aos jogos, a não ser pelos pais da menina. Mas, bem ali do lado, o garotinho nos permitiu que houvesse um encontro. Ele mostrou pra gente seus brinquedos e seus desenhos e passamos um bom tempo ali.

Percebi como aquele garoto, apesar das condições e da pouca idade, continuava forte e esperançoso. Quem sabe ainda vai poder ser jogador de futebol ou artista, andar de moto ou a cavalo (estas indagações meus melhores companheiros vão entender). Fica a certeza de que é a partir de momentos como esse que eu me sinto menos egoísta e mais humilde; que percebo o mundo e as pessoas a minha volta.

Rebeca Pocajanta - 1ª Atuação no Hospital Maternidade Dom Malan - 23/05/14



Tremendo que nem vara verde, trocando as pernas, com uma sensação de que tudo daria errado e que todas as crianças do mundo iam chorar quando me vissem, foi assim que o dia começou. Mas, não pense em nada, tente não pensar em nada: Branco vazio! Só que até não pensar em nada dava uma sensação ruim.

Mas- porém-contudo-entretanto-todavia, sorrisos conhecidos embalaram meus medos e os colocaram pra dormir, alimentados pelas palavras um do outro desbravamos as ruas de tráfego movimentado, cheias de motoristas desabilitados, chegamos a um espaço onde quem tinha preguiça de tomar água de coco pela boca dava gostosos goles de canudinho pelo braço, eita que hotel bom! Encontramos a Novinha faladeira que carregava um novinho dorminhoco em sua barriga, quase que Esperança Samba Canção arranja um casório, então, pegamos carona de ônibus(mais uma motorista desabilitada temi pelos outros carros coitados), no caminho achamos um monte de clientes satisfeitas, encomendaram na empresa e já tavam lá recebendo a encomenda: bonequinhos !ops! Bebezinhos, umas não pagaram direito e a entrega demorou mais, bem que a Teca Lua Cheia disse que tinha que fazer o pagamento à vista. A parada final do busão foi num lindo jardim, cheio de hortênsias, rosas, abelhas, princesas e, pasme, tecnologia, foi lá que nós conhecemos Dona MaryFone, modelo divosa ditando moda de cabelos raspados e dando inspiração para o batismo de celulares, ela já tinha achado a “chave da fala” e por isso batemos altos papos aprendendo sobre como fazer pose de modelo, as outras moças as “cirurgiadas” ainda n tinham achado a tal chavinha e por isso estavam com as bocas trancadinhas.

Na saída do jardim das violetas achamos Mamãe Noel, com seus cabelinhos brancos ensinando um aprendiz de Papai Noel as artes do ofício, saímos para procurar os duendes, mas não antes de garantir que nossos presentes sejam entregues em baixo de nossas camas (aquele negócio de lareira tá difícil aqui nos trópicos).  Demos de cara com a guardiã do portão dos jardins que fazia a vigília de seu bebê, aquilo que era mordomia, ficar se bronzeando com a luzinha roxa e, ainda, fazendo pose de pernas cruzadas.

E, então o mundo ficou turvo e tivemos que enxergar de outras cores, fomos honrados com a presença da Princesa Testa no Joelho, uma nobre de um reino muito lindo e quieto, que ao chegarmos comia calmamente seus biscoitos reais e não deu ousadia alguma a esse trio de plebeus desconhecidos, só depois que terminou de degustar a comida real deu meio tostão de ousadia: um olhar, pra logo em seguida voltar a encostar a testa em seu joelho, coisa que fazia a cada pergunta, até que Teca conseguiu fazer brotar um sorriso, e Esperança conseguiu uma resposta, um alto e sonoro: “É”. Pronto. A partir daí Princesa Joelho na Testa nos congratulou com beijos e mais beijos jogados ao ar e apanhados com devoção quando íamos conhecer sua colega de reino a Abelha Rainha, a enfermeira chegou com uma injeção, parte do tratamento da Princesa Ariele e, naquele momento de fragilidade, mais nossa que dela, não pudemos deixar o quarto, falamos com a rainha que desconfiada só teve olhos mesmo para os malabares de Samba Canção, malabares esses que foram assistidos e aprovados pela Princesa.

E saímos procurando pelo telefone da empresa que entregava os bebês   =(   ninguém sabia, negócio difícil, mas olhando pelos vidrinhos Rebeca Poca Janta chegou à conclusão de que deveriam mesmo era vir de sementinhas que eram plantadas nos vasos de bebê, regados com carinho de mãe e bronzeados com luzinha rôxa, pra ficarem com aquela carinha de bonecas de porcelana.  Chegando na turma da Mônica dançamos Lepo lepo guiados por Eduarda/Luciana,  a paciente que cantava e não queria ser cantora, durante esse show fomos protegidos pelo policial funkeiro que não gostava de funk e abordados por Pedrinho, um lindo que dava a bença com o pé, essa turma lotaria um programa de talentos. Nesse momento nos perdemos um pouco um do outro na tentativa de alcançar a todos que já estavam lá e aos que apareceram depois, mancada  que Rebeca nem percebeu, mas vale um puxão de orelha pra aprender mais, um pouco mais ou um muito mais a cada visita. Só sei que quero de novo e de novo e de novo e de novo, quero mais e quero mais com Teca Lua Cheia e Esperança Samba Canção, lindos sorrisos acalentadores, ai companheiros, agora entendi :  melhores companheiros do mundo.

Bjs 

Ass: Rebeca Pocajanta
Colaboradora: DNG