terça-feira, 22 de outubro de 2013

Pedrita Bombom - 17/09/2013 - HUT

Querido diário,

Essa declaração será diferente e sucinta. Nós nos metemos em situações constrangedoras e pela primeira vez teve alguém para observar nossos passos, nossa querida Horts. E pela primeira vez descobrimos que não temos limites de tempo. E pela primeira vez nosso ônibus já ia partir e tínhamos que nos apressar. E pela primeira vez eu fui desafiada a atuar sem enxergar. E nesse mar de primeiras vezes eu me vi acuada, mas eu tinha os melhores companheiros do mundo. E com eles eu mais uma vez eu corri, brinquei, viajei, naveguei, sorri, cantei, contornei situações e me renovei.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Lisbela Duracell, algum dia de Agosto 2013

Nem preciso comentar o quanto este diário esta atrasado. Ele começou na verdade no período de seleção dos novos. Quanto fui invadida por uma esperança imensa, naqueles novos meninos, na medicina, na saúde. Vejo o quanto é necessário ao longo do curso, procurar elementos que nos mantenham no caminho que escolhemos. Pode ser amigos, pessoas queridas, músicas, poesias, lugares, sonhos. Já escutei em várias palestras perguntarem o pq de nós estudantes entrarmos de uma forma na universidade e sairmos de outra, como se ao longo do processo houvesse uma corrupção de valores e ideais. Porém, é muito pesado carregar um peso tão grande. Bom encontrar ou reconhecer no caminho companheiros, que seguem caminhos bem parecidos, e que te oferecem o ombro sem grandes questionamentos e que te erguem nos momentos difíceis de continuar.

Na UPI eles se misturam. São de vários cursos, de várias idades e de vários cantinhos do Brasil. E é uma maravilha promover um espaço em que possam se comunicar, antes de compreenderem na prática profissional o quanto isto é importante. Ficava me questionando como chegar às pessoas que o projeto não consegue comportar e como garantir que as que estão dentro promovam o encantamento da arte do clown. Mas não tem como. Não tenho como garantir isso. Porém, acontece. Porque é bom abraçar as pessoas, sentindo todos os músculos quererem aquilo. É bom beijar, sabendo que aquele é o nosso melhor companheiro do mundo. É uma relação de cuidado que permite dizer adeus por imaginar que aquilo será o melhor para o outro, por mais que doa. Com isso, o projeto chega onde nem todos precisam virar clowns. E os que são, promovem o projeto quando se permitem ser sem a máscara, em espaços além do hospitalar, com todas as pessoas, independente de cor, classe econômica, profissão, sexualidade, condição de saúde.

(uma imagem disponível em algum lugar aí)
Pouco tempo depois lá estavam eles no hospital. Lindões. Eu só precisava, juntamente com os outros da coordenação, agir na organização dos horários, dos grupos nos hospitais, e conversar sobre as primeiras impressões. No “palco”, retornei com uma grande amiga, das antrolas, Miojita e um presente, um menino, o Marmiteiro. O caminho de quem começa é bem tímido, cheio de receios, de inseguranças. Mas o de quem já esta na estrada, só carrega a experiência de saber que é sempre novo e que o “estar em branco” é um dos nossos melhores amigos e que estar disponível é nosso melhor estado. Já conversei tantas vezes sobre isso. Não há cansaço. É bom vê-los começando, acreditando no que estão fazendo, vendo ou sentindo “os resultados”.


Sobre esta atuação, para comentar, teve um ponto que foi sinalizado pelo Marmiteiro e que é interessante compartilhar com o grupo. Tinha um rapaz numa cama, mas sem companheiro de quarto. Estava sendo acompanhado pela mãe, do lado, fiel, uma gracinha. Ele estava com uma cicatriz enorme no rosto, com sangue ainda saindo e com lesões na boca que o impediam de verbalizar muito. Uma queda de moto, de leve. Que coisa, como atuar com um rapaz naquele estado? Como é possível fazer graça? Aonde existe graça? Mas ele nos queria lá e atuamos... como é possível um tatuador fazer um erro daquele tamanho? Como pode um desenho sair torto daquele jeito? A mãe logo entrou no jogo... A graça, a risada, não é o foco, não é o principal. O caminho para chegar lá é que é mais interessante.
 

Por essas e muitas outras, é bem difícil dizer quem “ganha” mais. Por essas e muitas outras guardo a UPI no coração, sem pagar aluguel, sem cobrar pedágio. Pois não funciona como um refúgio onde posso ser o melhor de mim, mas o ambiente em que o que sou, do jeito que sou, com todas as características, histórias, e danças estranhas, são simplesmente naturais, minhas, e me tornam Ana e Lisbela. Onde o amor combina com amizade, com coisas bregas, com prosa, com poesia, com abraços e até com palavras que nos colocam no eixo.  

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Rosinha das Alturas - HUT - 30/09/2013

Sorry, Diário, acabei esquecendo de postá-lo. Então... Como nem eu nem Paputcho íamos viajar essa semana, então bora atuar! Bom, uma vez uma grande companheira disse que nem ela nem sua mãe agradeciam uma a outra, porque tudo que elas faziam, era por amor. Da mesma forma, todos nós atuamos e brincamos, não para recebermos elogios, mas porque realmente gostamos, realmente queremos aliviar a dor do outro. Essa atuação de hoje tocou a mim e a Paputcho, não esperávamos nada em troca, mas a senhora nos perguntou:'-Vocês voltam quando? Toda vez que vocês vem aqui, me sinto aliviada'. Sabe aquele momento que você percebe que você conseguiu atingir seu objetivo? Que embora o setor estivesse cheio de tristeza, mães e filhos, parentes e amigos, estivessem lamentando os acidentes de motos, que embora tudo isso, você conseguiu atenuar parte da tensão que eles tem em seus ombros? Sabe aquele momento que você percebe que os pacientes se permitiram estabelecer o encontro com você, que gerou um lindo encontro e que não só ele precisava de você mas você dele? Sabe... Precisamos cuidar uns dos outros, a cada segunda eu vejo que estou onde deveria estar. Estamos crescendo a cada dia, meus melhores. Ansiosa para segunda. ;D

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Rosinha das Alturas - HUT - 16/09/2013

Mais uma vez, eu e Paputcho atuamos sozinhos, mas hoje com a supervisão de nosso companheiro Pedro. Quanto a atuação, foi muito interessante, Rosinha e Paputcho encontraram um casal que pareciam irmãos e o rapaz estava ali porque tinha chutado uma abelha 'italiana', assim concordou. Encontraram também um dupla de irmãs que disseram que Rosinha e Paputcho pareciam modelos, mas, na verdade, ambas é que eram as modelos. Foram criados os jogos não só com as pessoas dos quartos, mas com um policial que estava pregando a palavra com um paciente, as enfermeiras e um interno/médico que chutou uma flecha que Rosinha lançou do longe. É muito bom ver que a cada segunda, surgem e acontecem encontros. Ansiosa para segunda. ;D

Rosinha das Alturas - HUT - 02/09/2013

Essa segunda teve um toque diferente. Nossa monitora Flavoca disse que eu e Paputcho estávamos prontos para atuarmos em dupla e que ela iria nos assistir. Bateu um pouco de medo, só nós e alguém nos olhando? Meu Deus!. rs Mas abracei a ideia, afinal não estaria sozinha, meu melhor companheiro Paputcho estava ao meu lado. E subimos o nariz ao som de Margaret Menezes ao lado de Ray, Sam e Karol e vamos, Paputcho. O primeiro quarto foi o de um rapaz e sua irmã que o estava acompanhando, e Rosinha e Paputcho entraram ao som de forró (eu acho!) e lançaram um concurso de dança, um jogo com onça e outras coisas, e eram só risos e sorrisos, quase não perceberam o tempo passar. Outro quarto que foram, foi a de um senhor que estava sentindo muita dor e não queria conversa, até tentaram fazer ele ensinar como andar na vida, mas ele pediu que não ficassem lá, pois estava mesmo com muita dor. Rosinha e Paputcho respeitaram e foram atrás de novas aventuras. Nesse caminho, encontraram uma senhora que logo chamaram carinhosamente de 'Vovó', que conversou, riu bastante, e disse que estava muito feliz pelo que estavam fazendo, que Deus os abençoasse por alegrarem a noite dela e de outras pessoas. Encontraram também um quarto com vários homens e uma mulher, e surgiram vários e vários jogos, com cada um, com todos, um cara que não é bom na cozinha, Big Brother, o senhor que encheu as garrafas d'água na torneira no banheiro e queria vender por 1,00. A atuação acabou e eu não parava de sorrir. Eu estava com medo logo no início e de repente, tudo aquilo passou ao entrar no 1º quarto. Na verdade, eu acredito que estava insegura, se eu conseguiria atuar e com alguém com olhos em mim, mas foi uma boa experiência, eu e meu companheiro entramos em sintonia e foi bastante engraçado, logo todo nervosismo passou. Ansiosa para segunda. ;D

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Capitulina lingua frouxa - HUT - 18/09/2013

Tô aqui devendo esse diário a uns 15 dias, mas a rotina louca me fez esquecer de posta-lo.
Hoje a noite foi excepcionalmente diferente, Cidoca e Capiutlina receberam visita, e lá vem Tempestade causar na atuação. Não sei se sou eu, ou se já formamos o costume do nós, digo eu e Cidoca, mas ter outra pessoa por perto foi, de inicio, estranho. Pois, primeiramente Cidoca perdeu a voz, deixou passar a vez, e depois o estar ou ter outro jogo dentro do seu não é bom, foi difícil a gente se encontrar, se encaixar.
Acredito que apesar de tudo isso, o jogo, finalmente se encontrou, finalmente se construiu, afinal o difícil é fazer o simples. E cadê o gato? É eeeita gato danado correndo naquele hotelzão. Mas observar Cidoca perdida não foi exatamente fácil, deixar ela se perder ou tentar encontrar a voz dela foi difícil mas a gente encontra e se encaixa. Sempre encaixa. Porque somos cachorros.
As melhores companheiras do mundo, acredito eu, também sentiram o que senti. Claro cada uma a seu modo, mas todas sabemos que no fim das contas somos companheiras, as melhores do mundo, e não nos deixamos nos abater. Sempre juntas sempre enfrentando o jogo da melhor maneira! No fim das contas foi lindo e valeu apesar das dificuldades!

Que venha o próximo período!
                 

Paputcho - Atuação no HUT VI – 30/09/2013

Daria para traduzir o dia de hoje, reduzindo apenas a duas frases que foram ditas, tais como “Vocês já vão!?” “Voltam quando, agora?”.

Essas frases traduzem bem como foi o dia de atuação, visto que as pessoas que jogaram com a gente, eu e a Rosinha das Alturas, gostaram e se alegraram com a nossa presença, inclusive, teve uma fala de uma acompanhante que disse “É muito quando vocês vem fazer palhaça para quem está aqui, a gente sorri um pouco!”

Tirando um quarto de isolamento e um em que os pacientes estavam incomunicáveis devido a sua debilidade, passamos por todos os quartos e enfermaras do 2º piso do HUT, sempre com um jogo legal e que proporcionou bastante alegria em ambas as partes, eles e eu.
Rosinha joga muito bem e isso facilita nossa jornada de alegria, ela que é a minha melhor parceira do mundo, agora é a minha mais nova irmã no ramo da palhaçada.

E no meio de tantas pessoas atingidas por desastres, principalmente, de motos, no qual é perceptível a tristeza no rosto das pessoas nesse ambiente, é muito gratificante poder levar um sorriso e uns momentos de alegria e de esperança, também, já que no encontro tudo é possível, quando se há afeto nesse espaço e isso me parece que estar presente, pois quando baixo a máscara e retorno às enfermarias e quartos, pois sempre procuro me despedir das pessoas, sinto que transformações ocorreram, mesmo que efêmeras.


Portanto, como eu gosto de dizer, às vezes: “Nenhuma palavra volta vazia quando há um público interessado nessa comunicação, tanto ela vai transformando seu interlocutor como volta transformando o seu mensageiro”.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Atuação HUT 22/09/13

Depois de (novamente) alguns dias sem atuar, chegou o grande dia e uma surpresa nos esperava rs Teríamos que atuar sozinhos, sem nosso monitor, depois do susto do primeiro momento, fui me acostumando com a ideia.
Troca de roupa, faz a maquiagem, se concentra pra encontrar meu clown e lá estávamos nós, lindões!
A atuação foi muito boa, muitos jogos foram feitos e que jogos =D
Fiquei um pouco sem gracinha em um momento, mas consegui fazer com que isso não afetasse muito na atuação e consegui levar tranquilamente.
Cada dia tem sido melhor, como é bom está ali no hospital, cuidar do outro e ser cuidada também, sempre que saio de lá um sentimento de preenchimento me habita, uma sensação maravilhosa e que cada dia que passa tenho mais certeza que estou no lugar certo =)

Beijos

Florentina Tempestade - DIÁRIO DE BORDO – HUT (28/09)

Querido Dream,

Sexta-feira (28/09) foi a ultima atuação desse semestre. Desta vez, a atuação foi em dupla, fomos apenas Talita e eu, Chiquita Furacão e Florentina Tempestade. De certo, foi uma atuação brilhante, do inicio ao fim, conseguimos dizer muitos “sim’s” , conseguimos entrar nos jogos que foram lançados tanto por nós como por alguns pacientes. Essa também foi a primeira vez tem que fomos fotografadas pela Lorena (que está fazendo o seu TCC embasado no nosso trabalho), isso foi até muito legal, eu sempre penso que nossos momentos devem ser registrados, mas percebemos em alguns instantes um tanto da resistência de alguns pacientes, na verdade, a timidez deles, porém não chegou a interferir tanto nos jogos. Bem! Posso destacar os primeiros momentos da atuação que tiveram a participação ativa de uma criança que estava internada, aquele menininho sapeca adorou a nossa presença ali, bem como conseguiu fazer com que entrássemos em seu jogo. Houve também alguns reencontros com outros pacientes, como aquele moço que sempre tem uma “graça” pra dizer sobre nós, e ainda aquela moça que teria encomendado a tal da “pipoca da rua” pra gente. Cada momento ali foi único, cada jogo também, o que como já falei aqui várias vezes, só me enche de vontade de seguir esse caminho. Amei atuar com a Talita, estava com saudade daquele sotaque e da sua energia “que contagia”.  

Beijinhoos,

Saminha ;)