domingo, 19 de agosto de 2012

Lisbela Duracell, 18 de agosto de 2012




Hoje esta bem difícil de escrever. Nem sei como falar de Lisbela sem passar por Ana. E essa é a parte difícil, falar da Ana. Não é nenhuma bactéria ou vírus inconveniente. Ela sabe que tem uma galerinha preocupada, mas infelizmente a menina não sabe esconder muito.
Talvez por isso meu dia hoje começou com uma vontade enorme de desistir, de não ir, como vem acontecendo nos últimos dias/semanas.
Levantei cedo e enrolei organizando o meu quarto até o horário limite para sair. Tive que pegar uma moto. As maquiagens ainda não estavam com o grupo. Cheguei com uns 15 minutos de atraso, mas minhas companheiras ainda não tinham chegado. Entrei para a cantina. Não dei bom dia e nem sorri para ninguém. Não estava com vontade de fazê-lo. Simplesmente sentei e esperei o tempo passar num jogo do celular. Talita chegou. E não a via a muito tempo. Dei um abraço. Não meu melhor abraço. Logo depois Horts foi chegando. Daquele jeito. Ela me deu um abraço e “definimos” o destino do dia. Fomos ao primeiro andar... pegar o leão, falar com a equipe e ir para o quartinho.  Talita começou a se vestir. Sai para buscar água e chamei Horts. Falei que não queria atuar, mas também não queria que ela ficasse mal. Voltamos ao quarto. Deitei na cama e comecei a observar as meninas se arrumando. Horts colocou uma música para mim e começou a dançar.
Sem que elas percebessem, tinham encontrado a primeira paciente do dia. Sem nenhum sintoma de dor de barriga ou cirurgia marcada para tirar parte do intestino ou fígado ou trocar a valva do coração, mas com o olhar mais triste e perdido do mundo...
Tem sido assim por algum tempo. Vou colecionando coisinhas que me fazem triste. Como poderia atuar estando assim.
 A música é muito conhecida por todos, mas eu já tinha esquecido... É uma canção de ninar para nosso medo. E um dos trechos ela fala que esquecemos a cor que tinha o céu. Que estava esquecendo o quanto Lisbela me faz bem, do quanto sou feliz quando estou sorrindo, do quanto sou também responsável por subir o jogo da minha melhor companheira do mundo. É como a poesia que continua a mesma, mas as leituras, assim como a gente, vão mudando, não necessariamente um sendo consequência do outro.
Tinha que atuar. Não por mim. Sabia que iria ser difícil subir o nariz. Sabia que iria ser difícil chegar a 1000%.  
Saímos do quartinho. Encontramos muitas pessoas. Encontramos muitos olhares. Um senhorinha me fez muito bem. Muitos presentes. Mas não tinha voz de Lisbela.
De volta ao quartinho a atividade “de casa”. “Que bom” que vcs estavam lá, meninas. Talita jogou muito. Horts jogou muito. Que bom que Miojita não desistiu. “Que ruim” aquele cheiro de fezes... afffemaria... que ruim que “não estava inteira”. “Que tal” observar mais.


Na última reunião, Gentileza pontuou como “descobri” a voz de Lisbela. Não ter voz era uma coisa que me angustiava muito. E essa angústia me acompanhou durante a oficina de iniciação e a primeira de aprofundamento. Na segunda oficina de aprofundamento foi pedido que Lisbela desse uma aula em italiano de “como seduzir um homem”.  E foi... e do vazio, depois da fase de completo desespero, surgiu a voz de Lisbela.
E por ela não saiu hj? Olha Ana “atrapalhando” Lisbela ou Lisbela sendo solidária com Ana?!!
Sei que agora descobri de quem são os dois corações que guardam a “minha máscara”...