terça-feira, 28 de outubro de 2014

Frufruta Doce - HUT - 24/10/2014

Me reencontrar atrás de um nariz vermelho.. Não, não. De uma bússola disfarçada de nariz vermelho, que me norteia prum destino lindo, lindo; cheio de vida!
Sim, lá estata eu de novo. Num corredor, onde o único que corria era meu coração. Lá estava eu de novo. Sim, era ali. Sim, sem pressa.
Mas opa, tem outro coração correndo por aqui! Tem sim, tem sim!
E foi com esse coração linducho que vim me encontrar pra dividirmos uma rota de expedição. Uma rota de expedição que se faz para encontrar mais corações linduchos.
A energia virou música em nossos ouvidos, e logo logo ouvíamos uma a outra, ouviamos todos.
Encontramos gente de todo tipo e toda cor e toda idade, enfim.. Gente!
Bulinamos de tudo que é jeito essa gente, desde os mais quietinhos até os palhaços profissionais, de senhorinhas taradas pelo Cauã Reymond até mulher que não conseguia cagar!
Demos autógrafos, fizemos campanha política, admiramos a roupa indecente de trabalho de um moço que tinha um decote que não deixava qualquer uma se concentrar. 
E tava difícil voltar pra nossa base, a exploração tava rendendo muitas preciosidades disfarçadas de emoções. Éramos solicitadíssimas! Fomos até presidenciáveis...
Mas aí a perna cansou, até as palavras difíceis precisaram de descanço.
Então fomos sentir o gosto doce de cada conquista e se preparar pruma próxima oportunidade. 
Siiiim! E o outro coração, que me acompanhou nessa folia, era de um Toquinho de gente. De Geres. De jegues.  <3 i="">

domingo, 26 de outubro de 2014

Diário de Bordo - 24/10 - Jamaisvista de Listras

É tão difícil compreender como todas as coisas do mundo tem visões diferentes. Acho que não existe visão distorcida, é apenas visão.
Depois de um funk dos bons, subo o nariz e me vejo conhecendo novos rostos, como o de Esperança, e reencontrando outros, como o de Rosinha; tudo que eu queria era me libertar e aproveitar o momento porque Jamaisvista provoca libertação da minha alma.
Não sei falar bonito nem usar construções frasais perfeitas, mais sei que apesar de todos os pesares da atuação; foi bom!
Foi bom conhecer Inca Carranca e toda sua anca à mostra na maior das alegrias, mesmo que tinha uma pontinha de humor negro quando virou pro Esperança e perguntou: Porque você não se joga da janela? Pensei, porque ela pensou isso?, foi só pra provocar?, ela não estava gostando? . Ela brilhava tanto com o nosso cuidado que não consigo compreender o porquê da janela, acho que foi apenas uma forma de tentar interagir com o imperativo; acho que pra ela somos bobos da corte que segue ordens. E ela prosseguiu: Dança pra eu ver! Vem cá agora! Mais eu gostei dela, gostei muito.
E Lara, com sua boina cor de rosa e sua língua afiada que não respondia o que perguntávamos, mas adorava fazer pergunta. Senti algo estranho diante de uma criança tão ríspida, fiquei pensando em como teria me saído se tivesse entrado no seu quarto, e não conhece-la apenas no corredor; será que ela se sentiu ofendida por não termos dado tanta ligança à ela?!
Durante o nosso percurso conhecemos dona Chiquinha (Francisca), uma senhorinha fofinha, toda bonitinha e que sabe lavar uma roupa como ninguém. Queria ter dado meus dedinhos pra ela, acho que só dois não iam fazer muita falta pra mim como faz pra ela; ela estava triste e eu não consegui me envolver. No mesmo quarto de dona Chiquinha, encontrei uma mãe desesperada de dor que se contorcia na cama e a única coisa que conseguia pensar era o horário de buscar as crianças na creche, ela estava atrasava e precisava que alguém fosse no seu lugar, prontamente nos disponibilizamos a ir no seu lugar pegar os meninos, provocamos um conforto momentâneo enquanto a dor a corroía por dentro.
Um dos melhores momentos da atuação foi conhecer seu Bartô, um ilustre sobrevivente do descaso que é o hospital público. Com as duas pernas amputadas, seu Bartô pedia por um lençol para cobrir suas partes intimas, mas a máquina da lavanderia estava quebrada e não existia lençol pro seu Bartô. A nossa maior missão do dia foi tentar achar esse lençol e fizemos tudo que podíamos mas a nossa missão foi fracassada, não se leva mais à sério os palhaços como antigamente, ninguém nos escuta quando é algo sério. Nós tentamos a cada lugar que passávamos, tudo em vão; mas não me arrependo, fizemos o que estava ao nosso alcance.

É difícil lidar com as impotências! Que bom, que pena, que tal... que podemos usar o erro ao nosso favor.

sábado, 25 de outubro de 2014

Vivi Manteiguinha - HUT - 25/10/2014

Novo ciclo, nova energia, novos pensamentos, nova vontade de escrever, mas algo sempre continua: a amizade e companheirismo. Ainda não no meu novo lugar de atuação, mas já deixo minha saudade de atuar no HUT, minha escola de clown e minha saudade de não poder atuar toda semana com Cassandra Paçoca, minha eterna companheira de atuação. A gente não se larga não é? 
Só que o melhor de tudo foi ver a minha vontade de estar lá, de dar meu melhor e de ter aquele friozinho na barriga antes de cada atuação, me deixou em um contentamento enorme. De realmente saber que eu estava ali e que eu podia fazer a diferença, sentimento que por um tempo estava distante de mim. De ver tantos encontros, sorrisos e olhares tão lindos. E por fim, de realmente estar me reencontrando. 
O legal foi ver tantas pessoas abertas ao encontro, de ver não só pacientes e acompanhantes entrando na brincadeira, mas todos os profissionais do hospital comprando nosso jogo. De ver cassandra paçoca xavecando o residente e dando a sentença de que vão se casar, e ver o empenho do setor em contribuir para que isso acontecesse; de participar da campanha desencalha Cassandra. De aprender que comer em pé emagrece (começando minha dieta agora), de participar da orquestra do ronco, de ouvir toda a história das dezenas de gerações até chegar a escolha do nome de dona A.  
Deixo por fim, que nesse novo ciclo eu consiga estar aberta as possibilidades, é realmente me jogar no vazio, prestar mais atenção no meu coração do que na minha mente. Como é bom saber que Eu estou de volta.





sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Esperança Sambacanção - HUT - 24/10/14

Que pena que foi bom

Que pena que às vezes ser o que a gente é, não é o bastante. Sim, eu sei que eu já sabia disso, mas preciso ser sincero, tinha esquecido.

Que pena que às vezes querer ajudar não ajuda.

 Que pena que nem sempre um olhar encontra o outro. Porque eu olhei pra o olho e ela olhou pro pé, não era de olho que ela queria falar, era de pé, de pé no chão, realidade. A seta indicando o caminho passou despercebida, e sinto que mesmo tendo visto, escolheria outra estrada, não estaria pronto...

Que pena que até no hospital tenha gente passando frio, sem lençol, sem atenção e sem cuidado, e o mais penoso é que às vezes só o tentar não aquece, que pena precisar conseguir, e não bastar a intenção, a tentativa...

Uma pena também ver alguém não poder sentir sua dor, não poder sofrer o sofrimento, porque tem gente pequena que precisa dela, porque tem filho pra criar, porque tem filho pra buscar na creche. Eu não sei se é triste ou se é feliz, se é feio ou se é bunito, ver alguém que no meio de uma dor forte, encontra forças pra pedir ajuda, não pra si, mas pro outro, pro filho que tá longe e precisa que alguém busque.

Confuso... A vida é assim meio bagunçada as vezes. Que pena que ficou por nossa conta arrumar a bagunça que sabe Deus quem criou.

Mas que bom, que bom que eu posso ter a oportunidade de viver isso, que bom encontrar com tanta dor, e com tanta tristeza, acho que ajuda a perceber que a vida é maior que meu sorriso, que a minha alegria, e maior do que eu, que tem gente que sofre, e sofre sozinho, porque quem ta do lado não sabe sentir...

 Que bom que eu tentei; conseguindo ou não, eu tentei, que bom que eu me arrisquei mais uma vez a errar, e errei, numa certa medida errei, mas continuo com a sensação de coragem, coragem de subir meu nariz pra tentar o fazer o bem, mesmo, vez ou outra, fazendo o “mal”.

 Que bom que eu tentei emprestar meus dois dedinhos pra Dona Francisca, mesmo sabendo que ela queria era os dela. Que bom que por alguns segundos aquela mãe preocupada com os filhos, - nem que fosse por alguns segundos - ficou tranquila, quando a gente prometeu que ia pegá-los na creche. E que bom, que mesmo não indo até a lavanderia lavar com minhas próprias mãos o lençol de Sr. Bartô, eu não esqueci de perguntar a todos os que encontrei pelo caminho, o que é que eu fazia pra achar um lençol limpo naquele hospital.

Que bom mas que pena, que pena mas que bom também, que pena, que pena, que bom e que bom sabe, que bom que foi uma pena, que pena ter sido bom...  que tal!

E que tal a gente não parar? Porque hoje eu aprendi que não estou pronto, e consequentemente, não estou morto.


Rosinha dos Retalhos - HU 24-10-14

Rir é muito bom. Rir com o outro é melhor ainda. 
Mas hoje eu não queria rir, eu queria ter sentado com Dona Francisca e escutar o choro silencioso dela, pela falta dos seus dois dedos. Queria ter conseguido um lençol limpo pra Bartolomeu cobrir a metade do corpo que lhe restou. Queria ter ido buscar Diego e Diogenis na creche, e leva-los até sua mãe internada. 
Hoje eu queria ter sido uma super clown. Mas eu não consegui.

Núcleo do dia: que pena.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Rosinha dos Retalhos - HU 14-10-14

É hora de começar novos ciclos.

Nova companheira de atuação, novos encontros, novas experiências.
Hoje depois de um dia meio cansativo, encontro minha companheira aninha, e vamos juntas nos permitir ser Rosinha e Jamais Vista.
Nos arrumamos no repouso das enfermeira, e lá estavam três profissionais, cansadas, reclamando do dia, do chefe, do desrespeito que a profissão sofre. Não falo nada, apenas faço minha maquiagem, e escuto os desabafos. 
Saímos, e nos deparamos com um cavalheiro que abriu a porta corta fogo para nós. Com um quarto no qual havia castelos e fadas com dedo mágica, que será futura presidenta do Brasil (um dia, quem sabe). Com a vó que ficou linda com o laço de rosinha. Encontramos tia Uda, que tava doida pra saber que dia a bacia dela ia ser consertada. O homem que não parava de rir, e acabou contagiando o quarto inteiro, de repente todos no quarto riam ao mesmo tempo, sem nenhum motivo. Isso foi realmente muito engraçado. Ah, encontramos também o Maycon, que disse que eu tinha cara de trinta anos, fechei a cara com ele, e sai rebolando os meus vinte anos para ele. Quando estamos no quarto ao lado Maycon e o seu amigo aparecem na porta, aquele efeito procissão. Ahhh, isso é tão bom.
E minhas terças à noite serão assim a partir de hoje, espero. Sempre com novos encontros pelo caminho e a construção de uma amizade companheira, com Jamais Vista de Listras.




terça-feira, 21 de outubro de 2014

Bartolomeu Barbudo - Atuação HUT 17/10/2014

Nesta sexta, tive o grande prazer de atuar com Toquinho de Geres e Lindonildo Varão! Saí direto da aula no hospital para a atuação no hospital! E como foi divertido!
Fazia tempo que não atuava, desde o fim do semestre letivo passado. Mas o ritual de subir a máscara, de estar junto das minhas companheiras traz a memória e a energia de atuações passadas e parece que aquele momento nunca se afastou de mim.
Tudo faz sentido quando estamos naquele corredor de hospital, vestido como palhaços e encontrando cada pessoa e cada paciente. Funcionárias e funcionários também. Faz sentido as oficinas de formação e aprofundamento, faz sentido a busca por um ambiente hospitalar mais humanizado e menos opressor, faz sentido a busca por uma promoção de saúde enxergando a paciente na sua integralidade.
Houve muita sincronia entre nós 3: Bartolomeu Barbudo, Toquinho de Geres e Lindonildo Varão. Suas energias me empolgavam ainda mais, a cada quarto, a cada encontro. Dançamos, fizemos dançar, paqueramos, encontramos o Lula e o sósia do Lula, Toquinho de Geres achou a irmã...


Foi uma atuação que me encantou, que me mostrou o quanto é bom fazer parte da UPI.

domingo, 19 de outubro de 2014

Esperança Sambacanção - Maternidade de Juazeiro - 17.10.2014

Doce, como o bolo de chocolate da enfermeira que se espantou ao ver o aniversário surpresa...

Estimulante, como a coca-cola gelada que compraram pra brindar a vida em pleno plantão...

Entrelaçado perfeitamente, como o ponto de crochê, da técnica em enfermagem que entre um soro e outro, termina o enfeite de pano da mesa de natal...

E por fim, colorido, como se colocassem dois palhaços verdemente alaranjados pra colorir um hospital de paredes bege.  


Núcleo do dia: “Lua de Chorrochó.” 

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Diário de bordo- HU, 15.10.14- Ines Tamborete


De volta! /o/

Escrita, escrita, escrita. E logo depois de atuar, pra não esquecer detalhes (as experiencias do semestre passado ensinaram-me isso). Hoje foi a primeira ida ao HU depois das férias e do remanejamento de clowns para atuaçoes e, levando em conta previsoes catastroficas minhas, deu até muito certo. Explico: estar no setor sem monitor@s e depois de tanto tempo parada e meio perdida em minhas reflexoes sobre o ‘ser clown’ parecia assustador. Principalmente porque faltei muuuito ao aprofundamento. Mas as coisas correram mais leves do que eu imaginava.

A melhor dupla, desta vez, seria só e apenasmente Dalila. E fomos ao HU, na nossa primeira vez juntas. Roupa, gente no quarto, maquiagem, calor, mais gente no quarto e... subir o nariz no banheiro, rs.

Nao imaginava que o jogo da minha companheira fosse tao espoleta. Fiquei com uma vontade enorme de: “ei, coisinha, vai devagar, viu? Devagaaar” no meio dos jogos. Mas era o jeito dela e, apesar do início ter sido uma etapa de “pegar costume”, fluímos. Nós nos demos bem com o moço que se comunicava somente piscando os olhos (“mas como ele diz que quer ir ao banheiro??”) e sua acompanhante; mais ainda com a menina brava que queria arrancar nosso nariz (gostei demais dela! Bicha retada, uma cirurgia da complexidade que a que ela fez e a criaturinha continuava lá, firme e tirando várias com nossa cara, de personalidade forte); além da criança crescidona (“trinta anos??”) do outro leito. A senhorinha que estava quase sozinha em um dos quartos foi a nossa deixa para sairmos e nos escondermos de uma moça malvada que chegou para examiná-la e queria nos furar, veja só! :@

O quarto-desafio da noite- porque quase sempre tem um. Chegamos em duas senhoras, uma delas bem simpática e tranquila, elogiou nossas roupas e ficamos “nos achando”; ela queria até um short que nem o da Magali! A outra, um tanto agressiva e baixa-jogo, rs. Mas ela não iria cortar meu jogo, de jeito nenhum. Primeiro, porque pessoas grossas tem por todos os lugares; segundo, porque ela tinha uma linha de pensamento sisuda, engessada e intransigente, queria nos forçar a engolir a crença dela e a acreditar naquilo que ela estava dizendo... e isso entra pelo meu ouvido e sai pelo outro; terceiro, porque ela, infelizmente, não entende de brincadeiras. Tive muita vontade de contestá-la e fiz uma tentativa branda: “entao, Jesus não gosta de pessoas que brincam?” e minha companheira também, porém daquele mato não sairia coelho... e tive ímpeto também de ficar sinalizando sim a tudo que ela dizia, mas, daí, não seria eu, então, simplesmente levantei, nao quis insistir e deixei-a lá, inclusive chamando a Dalila de mentirosa. Aquele momento em que tem é preciso se segurar para nao quebrar a clavícula reagir do mesmo jeito. Fiquei receosa por Malagueta. Foi triste ver esta postura ofensiva e intolerante, que sei que não representa tod@s de sua religiao, mas ainda é um grande exemplo de como as pessoas deturpam e cospem a sua “verdade”, sem o mínimo de respeito.

Entao, saindo deste quarto, dialogamos com uma jovem bonita, que estava vendo o tempo passar através da janela de vidro; um doce! E que soube jogar muito bem conosco, com a menina brava e as técnicas de Enfermagem (que estavam doidas pra nos agulhar), todo mundo se encontrando no fim do corredor! *Pausa para fotos, haha*. Foto, foto, foto e o carinho daquela guria que só queria era aprontar com a gente, mesmo. Uma linda. Crianças, no fundo, são adoráveis.

A esta altura, minha coluna já doía e o estomago vazio reclamava. Mas ainda teríamos mais! O último quarto era o mais cheio até então- situaçao que me desconforta no setor hospitalar. Várias pessoas acamadas, frágeis, esperando atençao me angustiam e estabelecer diálogos entre elas é algo que ainda tenho que aprender, parece uma boa maneira de interagir. Mas, neste quarto, encontrei o moço mais incrível da noite, o S. Foi uma troca muito mais rica pra mim e arrependi-me de não te-lo agradecido por isso. Solto, educado, sincero, zoeiro... finalmente encontrei alguém que batia completamnte comigo, com meu jogo. Apesar de que falei algo que não impactou bem nele, devido ao seu estado de saúde (“eu errei, viu?”); mas o cara levou na boa, felizmente. Ele me entendeu. Nao cobrou nada de mim (exceto meu nome “verdadeiro”... oxe), não quis que eu “me soltasse”, que eu o fizesse sorrir por sorrir e tinha olhos bem sinceros. Minha jarra já estava cheia.

… e era hora de ir! Nao foi fácil me despedir desta noite super grata e viva. Os sorrisos das maes acompanhantes só de nos ver e d@s pacientes, as encaradas com a minha companheira de atuaçao não tem preço. Começo a me achar muito mais nisso que faço. A aproveitar cada pedaço que acontece para melhorar a mim. A saber que não preciso ser aquilo que não sou, mas otimizar capacidades. Nada difícil saber porque a UPI me faz tao bem.
Despeço-me com bastante sono.
Ah! Saudadinha de meu velho trio, Sancho pança-fofa e Marieta Nariguda.

Até! :)