segunda-feira, 30 de junho de 2014

Bartolomeu Barbudo - Atuação no HUT 26/06/2014

Nesta atuação, acompanhado de Testa das Frituras, eu me dei conta de uma lição que eu já tinha aprendido inconscientemente, a cada atuação.

Eu aprendi a confiar no meu clown. Eu aprendi a confiar no Bartolomeu Barbudo e deixar ele me guiar. Eu aprendi que, independente de como eu tiver me sentindo, uma vez que eu subir meu nariz vermelho, comprar o risco, apostar na palhaçoterapia, a atuação vai dar certo. E tem dado muito certo até agora. Eu vou pra cada atuação sem esperar nada, no branco vazio. Vou sereno, sem ter a menor idéia de como vai ser. Mas eu confio no Bartolomeu. Eu confio que ele, acompanhado de seu companheiro, vão levar alegria e cuidado. E arrisco sem pensar duas vezes.

Uma das coisas que mais gosto neste trabalho até agora é o retorno imediato, é a reação que a gente vê na hora, no rosto da paciente. E como tem sido lindo até agora. Eu me divirto muito, meu companheiro se diverte, as pacientes... sinto energia vibrando o tempo inteiro, sinto alegria e leveza. Sinto que estou fazendo a coisa certa.

Existem momentos difíceis. Existem momentos que não são pra gargalhada, que não são pra presepada. Mas o palhaço e a palhaça podem estar presentes nestas horas também. Pra mim, a essência de ser clown é manifestar empatia e cuidado, e se for pra ficar sentado, ouvindo o que outra pessoa tiver a dizer, ou pra ficar caladinho, eu ficarei feliz em fazer isso também.

E existem momentos que a gente não é bem-vinda. Existem momentos que reclamam da gente, que nos esculhambam, que diminuem o nosso trabalho. Eu quero abraçar todas as minhas companheiras e companheiros que foram negadas, que foram xingadas na hora que a gente se dispõe a cuidar. O nosso trabalho é pelas pacientes, é pra não abandonar e nem tratar só o corpo das pessoas que estão nos hospitais, nas maternidades, nesses lugares que podem ser tão hostis, tão ameaçadores, pra onde vamos nos nossos momentos de maior vulnerabilidade. A gente não faz só palhaçada, a gente luta por um ambiente mais humano, por um ambiente que acolha as pessoas e que reconheça que o aspecto emocional e psicológico é uma parte importante de ser humano, que não se separa da nossa condição física. A gente luta por um tratamento mais digno e porque queremos ser profissionais de saúde humanizadas, porque desde a nossa formação profissional nos importamos com e queremos ser humanas.

Lutar pela humanização da profissional de saúde vale a pena.

Ser clown não é só cuidar das pacientes, não é exercer o cuidado só quando a gente sobe o nariz. Ser clown não é cuidar só no hospital, é cuidar no dia-a-dia, é prestar atenção nas pessoas que estão do nosso lado também. É difícil, eu sei. A vida toma tempo e dá trabalho, eu sei. Mas a gente consegue, um passo de cada vez, num trabalho de formiguinha.

O Bartolomeu Barbudo só me dá alegria. Eu confio nele, e o carrego comigo pra todo canto que vou.


PS: Neste diário, uso o feminino como gênero neutro para chamar atenção ao sexismo da língua portuguesa.

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Vivi Manteiguinha - 5ª Atuação no HU - 14/06/2014

Mais um sábado e mais um dia de experiência de atuar sem monitores; mas percebi que agora não existia mais monitores, nós já deixamos de ser bebês palhaços; crescemos tão rápido. Nesse sábado em questão parecia que tudo conspirava contra nossa atuação, era uma dor de cabeça da minha parte, era maquiagem que não chegava, sem local para trocar de roupa. Muitos empecilhos, mas lá fomos nós em direção ao segundo andar, trocar de roupa e se maquiar, usamos o banheiro para subir o nariz, mas tudo bem, tudo vale a pena quando vamos atuar. E naquele dia pensava que a atuação não iria engrenar, mas como estava enganada, minha energia só subiu a cada quarto que entrava. Descobrimos que nosso pai e nossa mãe estavam lá e que Vivi e Cassandra se tornaram irmãs. Virei narradora de jogos esportivos, pela primeira vez conseguimos interagir com as enfermeiras (vitória); Cassandra até trocou dicas de moda. Fomos chamadas de feias pelo rapaz da limpeza, mas no fundo ele nos achava uma lindeza. E tiveram uns quartos mais tensos, mas estamos aprendendo a lidar com isso. No fim de tudo sai do HU outra pessoa, com uma energia renovada, com muito aprendizado e com o companheirismo de Cassandra/Mari Mari. A UPI só vem me deixando cada vez mais feliz.

Esperança Sambacanção - Dom Malan

           "Nessas horas dorme longe a lembrança de ser feliz..."

     20.06.14, sexta-feira, Esperança, Rebeca e Toquinho nos corredores da vida...

Nunca sai tão mexido de uma atuação, como na da ultima sexta-feira. Depois de baixar o nariz um turbilhão de informações circulavam na minha mente, na salinha me questionei sobre muita coisa e saí do hospital com a cabeça ainda a mil. Pensei sobre gostar ou não de crianças, pensei sobre as escolhas que faço na vida, sobre Esperança, sobre está ou não preparado pra o que eu estou fazendo, e principalmente sobre meu futuro e todas as incertezas que junto dele caminham.
Apesar de toda beleza daquela tarde, apesar de todos os momentos bons, de todos os sorrisos, de todos os olhos brilhando de curiosidade no corredor do Dom Malan, das crianças, (haaaa as crianças), apesar de tudo aquilo, a única coisa que insistia e insiste em aparecer na minha memória é a área da oncologia e tudo que aconteceu lá dentro, é disso que eu lembro então é disso que vou falar.
Logo de cara, ao entrar, procuramos por algumas pessoas que tínhamos encontrado na atuação anterior; segundo a enfermeira alguns deles tinham recebido alta (coisa boa), mas outros tinham vindo a óbito; O.O isso mesmo, vindo a óbito, aquilo foi dito com a naturalidade de quem lida com a morte todos os dias da semana, e me gelou o coração; coração esse que continua gelando toda vez que lembro a voz daquela enfermeira pronunciando a lista de pessoas que tinham falecido de um dia pro outro, como quem grita no supermercado uma lista de produtos em falta, “_Arroz, macarrão, e leite. Acabaram.” Ai como doeu, ai como Esperança passou de verde pra branco, ai como as pernas ficaram bambas; mas fazer o que? Continuamos, a energia não deveria cair, e o “pior” ainda estava por vim.
Entramos em outra sala, a maior do pavilhão, e com a voz bem contida, respeitando o ambiente, (como tínhamos combinado antes de subir o nariz), fomos, de cama em cama, tentando jogar, como sempre fazíamos, até que uma enfermeira que já tínhamos encontrado no corredor, entrou no leito e nos chamou, “_Ei, vocês três ai, preciso falar com vocês”, dentro do leito me senti como uma criança que faz uma coisa errada e a mãe a repreende em público; mesmo envergonhado fui. Do lado de fora a enfermeira falou que um dos acompanhantes havia reclamado da nossa presença ali, segundo ele estávamos fazendo algazarra no quarto e a paciente estava sentindo dor e incomodada com a nossa presença, a enfermeira pediu que nos retirássemos, e que tivéssemos cuidado, pois a oncologia é uma área muito delicada, onde as pessoas estão muito sensíveis.
Doeu, pegou de surpresa e confundiu minha cabeça, passei de herói a vilão em uma fração de segundos, foi difícil mas não deixei a energia cair, eu e minhas companheiras precisávamos sair daquela juntos, e juntos saímos.
Na salinha, baixamos o nariz, trocamos de roupa e voltamos para falar com a enfermeira, explicar o porque de estarmos ali, e mesmo não tendo muita culpa, pedimos desculpas, as vezes é necessário. Ela - como geralmente acontece - não entendia nada do nosso trabalho, da nossa formação e função dentro do hospital, mas não nos demoramos, conversamos de forma direta e fomos embora.
            Demorou pras coisas ficarem claras na minha cabeça, mas no fim preferi acreditar que não erramos, que estávamos ali pra fazer o que nos propomos a fazer da melhor forma possível, da melhor forma que podemos, sei que nem sempre dará certo, nem sempre será aceito, nem sempre fluirá, mas vou continuar até onde der.
Por fim, preciso agradecer a Ana Ceres por de forma tão leve conseguir está comigo em momentos tão importantes na minha vida, talvez sua presenta é que torne o momento especial. Muita coisa tem mudado na minha vida depois da UPI e nessas mudanças você é peça fundamental. A atuação daquela sexta pode até não ter sido a mais feliz do mundo, mas será eterna em mim. Como você mesmo disse antes da atuação, “_Marque essa data na memória de vocês.” Pois é, está marcada.

Núcleo do dia: 20.06.2014 

quinta-feira, 26 de junho de 2014

IMIP - 04.06.2014 - Pedrinho Palito

Sabe esse Clown que tem dentro da gente? Pois bem, as vezes quando descemos a mascara ele ainda continua ali conosco nos acompanhando, até chegar o ponto que em que notamos e estamos saindo do hospital e dando boa noite as pessoas que estão chegando, jogando com elas kkkk, chega o momento, sa pessoas acham estranho e bate aquele. "Opa, parou! hahahaha". Infelizmente hoje atuamos com uma integrante a menos, Suzuki mesmo que você fosse nos observar, eu senti sua falta viu? Nesse dia quase chega a hora em que eu e Dalila iamos atuar sozinhos, ufa, quase.. Falarei sobre a
maquiagem, não sou muito com isso, estou aqui assumindo isso em publico, vergonha, mas hoje fui passar esse "blush", véi ficou muito muito vermelho, tive até que pedir ajuda as meninas, mas também venho aqui falar que to conseguindo passar o branco direitinho e depois o lápis, to aprendendo direitinho, curtindo o caminho sabe. To dando cada passo de uma vez e a cada atuação descubro mais em mais dessa maquiagem *.* adoro isso.Os encontros mais marcantes para mim foi, da fumacinha, dos bonecos, e mais uma vez a musica estava la... Esse menino da fumacinha parecia pra mim uma caixinha de surpresa, onde estava aberto e fechado aos jogos, os pais mais abertos ao jogo,creio que essa indecisão dele vinha da vontade de ir pra festa. Os bonecos encontrados ali com uma garotinha tímida, onde a principio não queria conversa; mas aos poucos com a ajuda de sua mãe fomos ganhando espaço até chegar num lindo batizado ;D e eu por pensar que acabaria por ali aqueles encontros... não acabaram, foram nos acompanhando até o fim do corredor, escutava rumores (olha o jeito que ele anda/ vem pode vir eles não iram fazer nada). Chegado ao fim de um corredor com aquelas pessoas ao nosso redor, a mãe entrou no jogo e teve a brilhante ideia de colocar uma musica para dançarmos, pois bem, não vamos quebrar o jogo do outro e caímos de cabeça. Infelizmente ali se tornou um local onde se parecia um espetaculo onde o corredor estava lotado de gente. Em conversa com minhas companheiras senti que aquele dia tinha sido bem frio pra mim, e que elas compartilhavam aquela sensação comigo. Pois é cada atuação é uma atuação, as vezes temos altos e as vezes temos os baixo e cabe a nós chegarmos no grande final ;D 

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Bartolomeu Barbudo - Atuação Dom Malan - 19/06/2014

          Para cuidar da próxima, a gente precisa estar cuidada. Para levar felicidade, a gente tem que ter um pouquinho de felicidade dentro da gente. O ponto central da atuação de hoje pra mim foi cuidado. O cuidado de Gled e Deb por Dudu e de Esperança e Rebeca por Bartolomeu. Eu me senti muito, muito bem atuando com essas pessoas maravilhosas e me esforcei ao máximo para distribuir o carinho que recebi.
          Toda atuação tem um gostinho de novidade, uma certa tensão que não sei definir. Nunca sei se vou conseguir fazer algo bom, nunca sei se vou conseguir ser clown. Dá medo. Mas não dá vontade de recuar. Dá vontade de encarar, de subir o nariz e arriscar. Até agora tá dando certo.
          E assim eu vou. Me apóio nas minhas companheiras e me jogo no vazio, pra outra atuação. É incrível o quanto Bartolomeu se sente bem, se sente seguro junto de Rebeca Pôcajanta e Esperança Sambacanção. E como as minhas melhores companheiras do mundo enchem a minha jarra! A felicidade que eu senti foi incrível, foi a felicidade de estar com vocês e de fazer parte dessa coisa linda que é a UPI.
          Adorei as pessoas que encontramos. Rebeca e Esperança me encantavam e me divertiam todo instante. Não dá pra dizer o que foi mais lindo, de tantos momentos que me tocaram, de tantos sorrisos e tantos olhares. Um jogo bom não precisa ser engraçado, um encontro não necessariamente tem que ter risada. Mesmo como clown, dá pra mostrar o quanto nos importamos com um abraço, com um jogo pequeno, em ouvir e perceber o estado da pessoa que está na nossa frente.
          “Vocês três são como um presente”
          “Torta na cara”
          “Vem aqui que tem gente que quer conhecer vocês”
          E tanta coisa boa, tanta coisa que a gente traz de volta pra casa...

          Deb, Gled, muito, muito, muito obrigado.





PS: Este diário usa o feminino como gênero neutro para chamar atenção ao sexismo da nossa língua.

Bartolomeu Barbudo - Atuação HUT - 05/06/2014

Hoje tive uma atuação muito boa com Chiquita Pequena Sombra e Testa das Frituras!
          É bom saber que a cada semana o nosso grupo está mais coeso, mais entrosado, e a gente começa a desenvolver uma sintonia, uma sensibilidade ao jogo e ao estado da pessoa que está atuando conosco. A gente não deve só prestar atenção na paciente, na pessoa que está ali, no hospital. Cuidar do próximo também é cuidar da companheira, é estar atenta a como ela pode se sentir.




PS: Este diário usa o feminino como gênero neutro para chamar atenção ao sexismo da nossa língua.

domingo, 22 de junho de 2014

Diário de bordo 14/06

Diário, 
Aquela atuação estava fadada ao fracasso: a maquiagem não aparecia, não tínhamos nem lugar para nos arrumar, não posso negar a: preguiça que sentia... enfim, aquela seria uma atuação que eu sentia que não rolaria.
Pois o acaso me surpreendeu e tornou aquele tropeço num passo de dança( cada dia que passa, consigo ver a logica da formação). Incrível é perceber que o meu processo de amadurecimento como clown esta ocorrendo e o de Brenda também, nossos jogos se completam e já não a sinto como estranha.

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Esperança Sambacanção - 19 de Junho - Dom Malan

De cada encontro um recorte diferente...
“Vocês chegaram, olha ai, tá todo mundo indo embora.”
 “Ei vem aqui, tem uma menina precisando de vocês...”
 “Se vocês quebrarem vocês vão pagar.”
“Ela disse que gostou de vocês; conseguiu até soltar uns peidos.”
“_ Oi, a gente pode entrar? 
_Não!
(minutos depois...)
_Vocês são como um presente pra mim.”
“A pessoa já tá doente, aparece umas coisas dessas, faz é piorar.”
(minutos depois...)
_Não, era só brincadeira minha.”
 “Vocês sabem de tudo. Vocês adivinham tudo né? (...) Pois a gente ainda vai se encontrar por aqui.”
"Olha gente! Sarinha ta rindo!"
 “Vocês são é uma benção.”
“Psiu, fala mais baixo.”
“Ei, Obrigado...”

Agora use  sua imaginação pra sentir como foi nossa atuação de hoje. Sim, isso mesmo; frases bastam.

Três agradecimentos:
-Primeiro a nosso grande Dudu, por ter nos dado a honra de atuar na tarde de hoje com Bartolomeu, por ter entrado no jogo, por ter segurado na nossa mão até o fim, e principalmente por ter nos divertido tanto, nos lembrando  que é necessário ser feliz pra poder fazer feliz o outro.
-Segundo, a um menino que não tem nome (porque esqueci de perguntar), mas que tem tudo pra entrar na UPI e colocar eu e muita gente no bolso, ele sabe ser clowm como ninguém, e eu tenho certeza que já fez alguma formação com Lis e uns aprofundamentos com Gentileza por ai, porque ele não existe, manja muito de atuação e me deixou boquiaberto com os jogos, foi lindo.
-E terceiro a Debs, simplesmente por continuar...

Núcleo do dia: Torta na cara.

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Feliponga Queixo-Fino - Atuação Maternidade - 05/06/14


Dia de atuação! Eu sentia a energia rodando dentro da caixinha, louca pra sair, pra explodir!
Feliponga e Lindonildo se preparavam para o momento de sair em busca de sorrisos. Logo na recepção encontraram quatro mamães grávidas de brazucas, algumas esperavam brazuquinhas, outras esperavam brazuquinhos. E lá se foram, ao encontro do automóvel de duas rodas de assento confortável. Lindonildo guiava Feliponga e os dois saíam pelas imediações da maternidade. Encontaram uma senhora que se dizia cuidadora, outra que quis arranjar Feliponga com o filho dela, que é alto e de olhos verdes. E ainda não sei porquê Lindonildo confessou ciúmes, mas mesmo assim seguiram caminho. Ao chegar a um quarto, haviam várias mamães com seus bebês, que fizeram de Feliponga e Lindonildo, centro de atenções. Os dois passaram por uma horta que tinha de tudo: batata, melancia, manga, cenoura, couve, enfim... de tudo mesmo. Depois se direcionaram à ala das crianças. Feliponga não entendia porque todas usavam uma luvinha e queria pedir pra enfermeira pra colocar uma nela também, pra ficar igual. Foi nesta ala onde surgiu a parte mais difícil pra Feliponga: -lidar com o choro de uma mãe aflita. Dizem que abraços podem curar, deve ser por isso que Feliponga deu vários abraços naquela mãezinha. Lindonildo também. Acho que os dois tiveram que se segurar pra não baixar a energia e saber lidar com a situação. No quarto à frente, havia um garotinho que queria estar acompanhado, mas não falava uma palavra sequer. Ele devia gostar só da companhia dos palhacinhos. Outra menininha não dava um sorriso, ela fez a Feliponga se estribuchar pra tirar pelo menos um... foi uma tarefa difícil, mas Feliponga enfim, conseguiu. Esse dia de atuação vai ficar marcado, pois nunca havia sentido tanta energia... voltei pra casa e a energia não baixava, mas quem disse que achei ruim? 
Foram sensações indescritíveis, tipo, INEFÁVEIS!!! Quero de novo, de novo, de novo!

Feliponga Queixo-Fino - Atuação Maternidade - 15/05/14


Primeiro dia de atuação! Que ansiedade! Contava os dias, as horas, os minutos para levar Feliponga para sua primeira experiência: -Dar o ar da graça na maternidade! Surgiam também algumas dúvidas, alguns medinhos... mas como diz o ditado: -Palhaço pronto é palhaço morto! fomos lá... sabendo que o menos é mais e que a prioridade é o encontro! Que coisa linda que foi! Feliponga pôde explorar juntamente com Josefina, várias experiências engrandecedoras e de repente se viam correndo pelos corredores, interagindo com funcionárias simpáticas, sorrindo com as futuras mamães! Mas mesmo assim, a Feliponga estava um tanto apreensiva sobre o fato de dar início aos jogos e preferia entrar nos jogos da Josefina. Na realidade, a Josefina nem sabe o quanto Feliponga é grata por cada ensinamento.


Enfim, haviam camas penduradas na parede, melancias que entravam nas barrigas alheias, uma menininha que ficou muito surpresa com aquelas duas molecas de nariz vermelho, uma enfermeira que falava poerrta com um sotoque bem paulistano, mamães que sorriam quando Josefina pedia a mão de seus bebês em casamento e dizia que ía esperá-los e até uma mamãe que se queixou por estar cheias de gases (kkk). Neste momento Josefina e Feliponga trataram de mostrar como tirar esses gases e a acompanhante deu uma quase interminável crise de risos... Em síntese, essa realmente foi uma experiência inesquecível!

domingo, 15 de junho de 2014

Marieta Nariguda - Atuação HUT- 06/06/2014

        Eita que hoje o dia foi intenso, confesso que a atuação de hoje foi um tanto difícil pra mim e vocês entenderam porque ao longo desse diário, pode perceber o quanto Fernanda ainda precisa lidar com suas emoções quando dar lugar a Marieta, mas sei que isso acontecerá com o tempo, ao longo das atuações, afinal a vida é feita de aperfeiçoamentos constantes, e como Clown isso não poderia ser diferente.
        A primeira emoção da noite foi usar o novo nariz, é engraçado como senti Marieta mais completa, agora sim ela tinha uma característica ainda mais singular. Mas aumentar a energia para subirmos os narizes não foi uma tarefa simples dessa vez, o entra e sai de pessoas no quarto dificultou um pouquinho, mas confesso que apesar disso foi divertido cantarmos juntos ao invés de ter uma música pronta, e não poderia deixar de registrar que no quesito cantoria Fabinho/Sancho é um expert.  
                                         
                                              
          Depois de estarmos devidamente prontos era hora de Marieta, Sancho e Inês descobrirem as emoções que os aguardavam naquela noite. E já começamos sendo surpreendidos por um rapazinho de 7 anos que estava tentando nos espiar enquanto nos arrumávamos, o engraçado é que quando saímos ele correu e tentou se esconder da gente, daí logo vimos que aquele encontro seria inusitado, e que aquele menino nos surpreenderia.
          Inicialmente ele nos evitou, de todas formas possíveis, fingiu estar sentindo muita dor, tudo isso só pra não nos permitir chegar até ele, confesso que pensei que dali não sairia nada, e que sairíamos do quarto sem um grande encontro. Mas o tempo foi passando e aos poucos ele tentava entrar nas brincadeiras que fazíamos com ele e com os outros pacientes.
          Aaah mas Sancho foi o alvo daquele quarto, em seguida outro rapazinho apareceu e foi logo perguntando quantos meses tinha o bebezinho da barriga de Sancho, ai se iniciou uma troca de brincadeiras, em uma das brincamos que ele tinha engolido uma melancia, e os risos correram frouxos por ali. E  surpresa foi que o rapazinho cantor que não queria nos dar bola, passou a nos acompanhar em todos os quartos, e logo vimos que ele era famoso por ali.
          O outro quarto era cheio de gente diferente, tinha uma moço que se escondia dentro de uma cabana e tinha amarrado no pé varias garrafas de água, logo pensamos que ele era bem esperto porque se sentisse sede era só dar um chute e pronto a água estaria em mãos, um que sentia calor enquanto todos sentiam frio, e outro que era tão brasileiro que carregava isso até no nome, e com muito orgulho por sinal.
         Enfim chegamos no quarto em que tantas emoções afloraram em mim, e travaram Marieta por várias instantes, confesso que sempre  ao lembrar de lá algumas lágrimas insistem em marejar meus olhos, e mais uma lição aprendi naquele quarto, a morte nunca nos tira alguém por inteiro, ela apenas nos impede o contato físico com aquela pessoa, mas as lembranças estarão sempre ali vivas, sempre te fazendo sentir o mesmo amor por quem se foi.
          Não, não foi fácil ver naquele senhor uma lembrança tão viva e tão forte do meu avó, minhas vontades se confundiram naquele momento queria sair dali chorar até a dor cessar, mas queria também abraça-lo na esperança de sentir novamente o mesmo carinho que sentia ao abraçar o meu avó, coincidentemente esse senhor tinha a mesma idade que ele, 81 anos, e um olhar gritante de quem quer viver mais, apesar das limitações.
         Ver aquele senhor ali, não sendo tratado como deveria, fez meu coração aflorar muitas coisas adormecidas, queria tirá-lo dali, queria tantas coisas que não conseguiria registrar aqui, mas eu tentei reprimir tudo ao máximo, tanto que acho que meus companheiros não perceberam, mas ainda estou com um nó na garganta, e uma dor latejante no peito, que grita de saudades, e a partir daqui não conseguiria mas descrever as coisas que vieram , porque Fernanda/Marieta ficou presa ao olhar daquele senhor, e vejo o quanto preciso superar algumas dores.
          Prefiro encerrar por aqui, não de forma triste, mas com mais vontade de cuidar, cuidar enquanto ainda posso, cuidar enquanto ainda tenho quem amo pertinho de mim....E ficarei aqui, esperando  encontros tão lindos quanto esse, que encham cada vez mais a minha jarra, e que me humanizem constantemente.

Toquinho de Geres - atuação no Hospital Dom Malan, 24/05/2014

Diferentemente da primeira atuação, que foi rápida, a segunda foi bem longa. Mas quem disse que a gente percebe que foi longa até olhar no relógio? Até baixar o nariz e sentar expirando fundo? Mais uma vez não houve espaço para observação, pois Fernanda estava doente. O bom foi que Hércules do Encanto estava lá de novo, com seu charme e doçura e pude conhecer Olivia Traço-Preta, que fez a experiência daquele sábado ainda mais especial, do seu jeito ousado e sensível.

Ouvimos que fazemos bem as pessoas que estão ali, presenciamos um quarto todinho interagir numa brincadeira, acalmamos alguém em desespero, vimos o brilho sincero nos olhos de uma criança, tocamos e cuidamos e até mesmo ouvimos que somos "o diabo". Uma tarde assim provavelmente teve os seus "que penas", mas não consegui enxergá-los. Pra mim, foi uma atuação muito cheia: cheia de sorrisos, cheia de olhares, cheia de sentimentos, cheia de brincadeiras, cheia de encontros. E eu me senti cheia quando acabou. Parece que a gente sai catando as coisas boas que as pessoas nos oferecem e vai guardando na gente. Eu estava gorda.

Saindo do hospital me senti capaz e amada. Isso tudo por que estou ali pelo outro e não por mim. Quem diria que pra se sentir bem consigo, o melhor é cuidar do próximo? A gente até diz, mas esquece de praticar; ou tem preguiça. Enfim, saí dali feliz. Tanto que depois daquela tarde de sábado, o dia não precisou de mais nada pra me fazer dormir satisfeita. Tinha sido perfeito e já poderia acabar ali. Será que foi pedacinho de plenitude que a upi me proporciona? Ou só o cansaço mesmo? Eu diria que os dois.

sábado, 14 de junho de 2014

Vivi Manteiguinha - 4ª Atuação no HU - 07/06/2014

Bom, sábado foi um dia de estreias, a primeira vez que eu e Mari Mari atuaríamos sozinhas e a primeira vez que usaria meu nariz.  Nos encontramos desde cedo e fomos nos enturmando, criando uma ligação que foi muito necessária durante toda nossa atuação, já que só contávamos com nós mesmas e os pacientes para que o jogo fosse criado. Nossos monitores dessa vez não estariam ali presentes para nos dar uma mão caso nosso jogo desse errado.
Primeiro encontramos com o garotinho que semana passada estava tão retraído no inicio e nesse sábado já estava todo solto. Encontramos também com I que jogou tanto com a gente e prometeu que quando ficasse bom, aprenderia vários passos de dança, e assim conquistaria Vivi Manteiguinha. Retornamos ao quarto da mulher que falava em libras; dessa vez foi mais difícil manter o jogo, pois não tinha mais Zeca Aventureiro para traduzir o que ela falava, mas como clown é especialista em tudo, eu e Cassandra demos nosso jeito. Cassandra então já estava quase expert na língua.

E o que mais me tocou nessa atuação, foi uma idosa que não falava, mas que nos seguia com seus olhos vivos. Encostei nela e segurei sua mão, e ela me presenteou com o sorriso mais bonito que eu poderia ganhar; esse gesto me ensinou que nossa atuação não precisa de palavras e me relembrou do nosso maior presente como clown, o sorriso. Nesse momento o meu dia e o de Vivi Manteiguinha se completou, me senti uma das pessoas mais felizes do mundo. Me mostrou o quão revigorante um sorriso pode ser, mesmo em situações tão adversas como a que ela estava. 

“E ao sorrir, que luz
Seu riso tem uma luz
Que ninguém mais traduz
Só o luar
Chegou pra ficar, pra iluminar”

Rebeca Pocajanta - Don Malan - 13/06/2014

Olha, “momôzão” é um hit que faz aquela caixinha a 4 dedos do umbigo pular o Corguinho, principalmente quando se junta à felicidade do “achamento” da chave não-perdida e à ansiedade da primeira atuação sozinhos. Fomos colados e entramos num lugar que tinha um risco no céu, o Alto risco, daí já deu logo uma coceira interminável que só passava se a gente se coçasse todinho, nossa guia nos levou num pé só ao quarto seguinte e encontramos Maria dos Anjos e sua filha q gostavam de um forró com umbigada, quer dizer, dona Maria agora só ia p igreja, então saímos dançando uma quadrilha pelo corredor, pense nuns dançarinos arretados. Abaixadinhos seguimos para outro com quartos cheinhos de gentonas e gentinhas, e iniciaram-se os concursos de sorrisos e olhares, tinha uns meio de lado, uns que demoravam a sair e outros que nem conseguiam esconder os dentes, uns que olhavam de baixo p cima, uns que olhavam por trás dos óculos e outros que eram a de cigana, a própria capitu.

Depois, no balcão, Esperança e Rebeca descobriram que falavam demais e como a própria Ruiva designou um só falava quando o outro se calava, mas o que, creio eu, não dava p perceber de fato é que o que fazia um calar no momento exato em que o outro iniciava o falatório era um pequeno toque no companheiro, e deu-se a cumplicidade, então atuar de dupla é um negócio gostooooso! (Pensou Rebeca Pocajanta).

Em linha reta por um labirinto, chegamos a um corredor cheio de olhos curiosos, os mais difíceis de entender e, no entanto, que mais emanavam carinho, o moço balançou logo a cabeça negando nossa presença e em alto e bom som perguntamos o porquê, ele logo veio indagar sobre a capa de Esperança, e Don Malan uma moça até simpática deu uma de mau educada e queria enfiar o dedo no nariz de Rebeca achei um absurdo “Só se vc deixar eu enfiar o dedo no seu também, humpf”, isso depois da Ruivona ter dito que meu nariz tinha dois buracos, ô povo doido, se tivesse 3 é que era esquisito.
Procuramos por Isac, ninguém sabia cadê, procuramos por Anhgfyfut, ninguém sabia também e olha que era o pai de Isac, nem na recepção antes da chuva de leite azedo, o povo também não sabia informar, achei um absurdo e pra não nos perdermos também fomos levados desfilando até a o começo que não era o fim.


Ai ai esse DM, sempre reserva uma surpresa, um sorriso, um abraço que vira a tarde em dia eterno, e, até que a terra gire e a Europa volte a virar Brasil, permanecemos de dia até venha de volta nossa Lua Cheia. 
;-P






Rebeca Pocajanta - HUT - 06/06/2014

Não sabia o que esperar do HUT, na verdade, inicialmente eu esperava ficar lá, qual foi a minha surpresa quando fui designada para o Don Malan, embora só tivesse atuado uma vez essa segunda atuação no Traumas me marcou de uma maneira diferente, pois percebi o quanto a dureza da realidade dos acidentes que aquelas pessoas sofreram torna muito mais difícil p elas comprar os jogos de início, ou será que eu não fui capaz de fazer os jogos certos para que elas pudessem comprar ? Tenho certeza que foi a minha percepção disso que tornou tudo mais difícil, mas ter meus dois companheiros lá desbloqueou as coisas, nessas horas que me pergunto poderia alguém atuar só? Acho que não e espero que nunca. As presenças de Esperança Samba Canção e Teca Lua Cheia são tão boas quanto essenciais. Tudo se converte em beleza, os pacientes falam conosco, nos querem, e na dureza do quarto vejo Teca em cima dos degraus de subir na maca e Esperança interpretando como Luciana fez para apaixonar seu marido, e seu Manoel Brasileiro entoando em alto e bom som seu degustado: GOSTOOOOSO! Fiquei foi com fome. Enfim, descobrimos que muletas podem virar cavalos mais seguros e que nem todo dançarino de arrocha gosta de dar show. HUT, você é diferente, também é lindo nas suas singularidades, mas vou voltar p minhas lindas gravidinhas e crianças, que arrebatadoramente me conquistaram o coração.
XOXO

Diário de bordo- atuação 07/06/2014


Diário,
Esta semana foi uma semana bastante intensa, com um catatau de provas que não me possibilitaram dedicar um tempinho para te escrever e descrever o processo de  amadurecimento de Cassandra e Vivi.
Pois bem, houve uma pequenina falha de entendimento meu e de Brenda a respeito da atuação, pensamos que já era o momento de atuarmos só, e não comunicamos a Mila que íamos sozinhas ao HU. Resultado, mais tarde descobrimos que ela também ia, mas ia como observadora.
Não acredito que nada é por acaso, sábado passado eu tive aula pela manhã e acabei encontrando com Brenda pela faculdade, ficamos conversando e resolvemos almoçar juntas com umas amigas minhas : Ananda(amiga de Brenda também, vizinhas por sinal)  e Karina. Aquele tempinho no qual ficamos juntas foi o necessário para quebrar o gelo que ainda havia entre nós, conversamos por horas, trocamos figurinhas até chegar a hora de irmos atuar.
Brenda havia me dito que estava com medinho, já eu estava mias tranquila e espero ter passado mesmo esta tranquilidade a ela.
Foi uma atuação inefável, soubemos jogar uma com a outra, os nossos jogos se completavam e sem contar que meu grande sonho de andar na cadeira de rodas foi realizado ! Apostei uma corrida com o Iuri (ele ganhou, acredito por problemas técnicos do meu carro.).
O grande destaque daquele dia foi uma senhorinha que só pelo fato de nos aproximarmos ela ria intensamente, Vivi pegou na mãozinha dela e dava para vê a demonstração de afeto e gratidão que ela demonstrava por Vivi. Tenho também que destacar o cuidado  que brenda/ vivi teve comigo: um senhor tentou nos mostrar um vídeo dele ao ser atendido pelos médicos e lá estava lá aquela perna toda aberta, vivi/brenda ao perceber minhas caretas tentou fazer com que ele apenas mostrasse o vídeo a ela, obrigada pelo cuidado :D
Enfim, que venham mais atuações que nos possibilitem crescer ainda mais,

Cassandra Paçoca 

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Esperança SambaCanção - Dom Malan - 13 de junho de 2014

Mozão – Polentinha do Arrocha
Num piscar de olhos, tá passando mais de um mês
A gente fica velho e o que a gente fez?
Não deixe o nosso plano acabar
Esteja aqui amanhã quando eu acordar
Momôzim, vamos fazer assim
Eu cuido de você, você cuida de mim
Não desisto de você e nem você de mim
Vamos até o fim...”
E foi ao som de Polentinha do Arrocha que os narizes subiram mais rápido do que em qualquer outra atuação. E é ao som do mesmo, nosso muso do arrocha a partir de hoje, que eu escrevo esse diário... Sem mais delongas venho dizer que essa foi nossa primeira atuação sem Ray, a Teka Lua Cheia, que apesar de não está presente fisicamente, foi lembrada em muitos momentos, e suas sementes plantadas foram hoje regadas, e modesta parte, acho que floresceram muito lindamente. Eu quero dizer é que subi o nariz e fui; fui livre, fui Esperança, fui gripado, e fui sem saber por onde ia (literalmente).
No caminho encontramos gente com cara de c* querendo derrubar o jogo, mas que não conseguiu, quase perdemos a chave da sala do Dom Malan (durante atuação) o que foi muito desesperador para um palhaço que tem suas obrigações e responsabilidades a cumprir (--‘), e fomos vomitados no fim da atuação, (urgh), mas tudo como parte do caminho, e um caminho cheio de coisas boas também.
 Foi tanto olhar, tanto sorriso, tanta gente aberta a jogar, que quem quis derrubar o jogo se tornou pequeno, foi tanto encontro naquela tarde que falar deles seria cumprido demais, então vou falar do encontro mais importante da sexta-feira, o encontro com minha melhor companheira do mundo, um encontro que eu posso resumir como surpreendentemente natural, o encontro de gente que não tem muita proximidade dentro da faculdade, no meio acadêmico, mas que ao se encontrar dentro do hospital, sente liberdade de ser o que é...
Queria através desse diário agradecer ao destino, por encaixar Esperança com Rebeca de uma forma tão bonita nos corredores da vida, e pelo carinho e palavras macias de Debs, nos poucos momentos que passamos juntos, dedico essa nossa primeira atuação sozinhos, a ela, por fazer eu me sentir tão livre, por me dá ousadia nos meus jogos sem noção, por não ter me abandonado quando fiz merda, por me ajudar na paquera de Esperança com a enfermeira ruiva, e por sendo você, ser tão eu, ser tão a gente. Rebesperança Pouca Canção. É uma dupla que já valeu, que vale, e que valerá muito a pena.

Núcleo do dia: “One Day” amor, recebi o dobro! 

09/06/2014 - Hospital Materno-Infantil Juazeiro

Decidimos, Júlia observa hoje.
Ok. Fiquei pensando, uma experiência nova, só tenho que ficar na minha e tirar fotos, ótimo, adoro fotografar. Só que imaginei que seria mais fácil, logo eu que sempre fui quieta e na minha, nunca fui de chamar atenção, tava lá, me sentindo mais vista do que deveria.
Enquanto as lindas clowns andavam pelos corredores espalhando coisas boas, eu me 'esgueirava' pelas paredes, tirando fotos e dúvidas das pessoas. "Você tá com elas?", "O que é isso mesmo?", "Vocês são de onde?". Confesso que achei interessante, só que mais interessante ainda, foi quando um dos funcionários (não sei o cargo dele) me disse, "Vai para a palhaçada também, deixa que eu tiro as fotos". Ri comigo, achei a proposta tentadora..

Mas nem tudo são flores, perto do fim da atuação, houve aquele ocorrido que vocês já sabem, se não sabem vão ler os belos diários das minhas companheiras. Eu estava meio de fora do que foi dito para as meninas, já que me mantive afastada para não atrapalhar o jogo. Porém, ao mesmo tempo que aquela médica falava com elas, uma senhora veio me fazer perguntas, "Você tá com elas? Porque a médica não gostou de tal coisa, porque a médica isso, a médica aquilo. Mas vocês tem autorização para estarem aqui?, e essas fotografias? Olhe bem o que você fotografa...". Além de responder as perguntas da senhora avisei que, aquilo podia não parecer, mas era coisa séria!
 Enquanto a conversa rolava, notei que as meninas já tinham saído, percebi que alguma coisa chata tinha acontecido. Ao encontrá-las vi muita tristeza e decepção. Mas daí penso, talvez isso seja necessário para o nosso crescimento. Queria tê-las ajudado de alguma maneira, mas não pude, detesto a sensação de impotência.


quinta-feira, 12 de junho de 2014

10/06/2014 - Mariqueta Boabunda - HUT

         Coulrofobia: termo psiquiátrico usado para designar o medo de palhaços. É comum entre crianças, e às vezes também ocorre com adolescentes e adultos. Às vezes o medo é adquirido após experiências traumáticas com um indivíduo singular, ou após ver algum palhaço ameaçador na mídia. Ao depararem-se com algum indivíduo vestido de palhaço, "os portadores dessa fobia têm ataques de pânico, perda de fôlego, arritmia cardíaca, suores e náusea"


            Primeira atuação sem monitor, primeiro quarto. Mariqueta e Teka Aquarela entraram oferecendo um doce conseguido no quarto anterior e encontraram um casal, um lindo casal que dizia ter acabado de se casar há 9 anos ali mesmo, e desde então morava naquele quarto. Ele entendia de tudo, desde metafísica até coisas bem simples. Era professor de teatro, devia ser por isso. Ela era uma linda mulher e, como uma boa recém-casada, jogou um buquê de flores que encontrou por ali pra gente. Teka foi quem pegou, mas todos os possíveis noivos fugiram dela. Jogos deliciosos aconteceram naquele quarto e saí de lá me sentindo muito feliz com o resultado e o que pudemos fazer por aquelas duas pessoas tão simpáticas.

            Ao terminarmos a atuação, Tathy, a observadora da noite, comentou, muito emocionada, que a moça recém-casada tinha coulrofobia devido a um trauma na infância, mas que conseguiu superar quando viu que não dávamos medo. Que lindo foi descobrir isso, e quanto brilho mais foi acrescentado àquele que foi um lindo momento. Queria voltar lá como Carla e dar-lhe um abraço e agradecer por ter me deixado fazê-la um pouco mais feliz e tirar-lhe um pouco de medo. Foi lindo, absolutamente lindo.


            O que aconteceu me vem como uma bela metáfora para o que venho vivendo ultimamente e para o que muitos vivem. Algo aparece em nossa vida, algo que nos dá muito medo, e geralmente tendemos a fugir daquilo, evitar pensar, evitar encarar. Geralmente ficamos de um lado e aquela coisa do outro, evitamos, assim, possíveis sofrimentos (e também uma possível resolução). Ontem eu estava do outro lado, ontem eu fui o objeto do medo, ainda que tentasse levar apenas um pouco de conforto e amor. Ontem alguém sentiu medo de mim, mesmo que eu não soubesse disso. Ontem essa mesma pessoa me jogou um buquê de rosas, riu e se deliciou com algumas coisas sem sentido que eu falei. E eu queria ter a coragem dessa mulher.



P.S. 1: O P.S. das desculpas:
            1.1. Desculpa por não falar de todo o restante da atuação, mas isso não sai da minha cabeça;
            1.2. Desculpa Andreza se falhei em algum momento de nossa primeira atuação juntas. Obrigada pela oportunidade de ver Teka desabrochando e criando lindas lembranças na memória daqueles que tem a oportunidade de conhecê-la.
            1.3. Desculpa todos os companheiros que atuaram comigo desde antes disso e não viram notícias de um diário de bordo. Desculpas mesmo. Não estava em condições de escrever, não me sentia bem para isso. Isso não tira a importância das atuações para mim: todas elas foram como uma estrela em meio à uma noite bem escura. Farei de tudo para que isso não se repita.
P.S. 2: Tathy saiu das atuações da terça feira e é incrível como já sinto a falta de Rosinha das Alturas. O jeito meio desengonçado, o sorriso espontâneo, os encontros, o cuidado... Saudade.



Carla Araújo, melhor conhecida como Mariqueta Boabunda.

terça-feira, 10 de junho de 2014

09/06/2014 - Rosinha dos Retalhos - Maternidade

Hoje fomos questionadas se palhaço chora.
- Sim, palhaço chora, palhaço sofre.
- Mas vocês não são de pano?
- Não, não somos de pano.

Para e bate o coração
Em pura disritmia
O medo amedronta o medo 



Palhaço também tem coração, sabia? Palhaço leva multa. Palhaço se esconde da polícia, e é salvo por delegado. Palhaço é escalado para time de futebol. Palhaço torce na copa, junto das cozinheiras. Palhaço dá instrução sobre como alimentar o bebê: só leite até os seis meses, depois papinha doce (que não é açúcar, mas fruta) e salgada (que não é sal, é frango). Palhaço fica feliz de tomar injeção. Palhaço não sabe brincar de caminhão, mas quer aprender. Palhaço sofre da coluna, faz prova de matemática, dança forro agarradinho e quer comer pipoca.






Palhaço arranca sorrisos e cara feia.
Hoje arrancamos muito mais sorrisos que caras feias, porem uma cara feia, muito muita feia conseguiu desmoronar muitos sorrisos conquistados.
Uma médica, que tinha uma gaveta muito da bagunçada, bagunçou tudo em nós. Nos tirou o chão. Confesso que ver Frida Siriguela chorando foi desesperador, mas precisava me manter firme ao seu lado.
Foi assim que saímos da maternidade hoje, so(frida)s, magoadas. Ver as fotos tiradas (com autorização, diga-se de passagem) foi o que aliviou um pouco, vendo que conquistamos muito mais sorrisos, do que caras feias.

Palhaço também chora e vai embora.


segunda-feira, 9 de junho de 2014

Frida Seriguela - 09/06/2014 - Hospital Materno-Infantil Juazeiro (BA)






Acreditar. Talvez seja uma das tarefas mais difíceis... Um dia desses vi por um desses textos perdidos na internet que o amor vinha do acreditamento. Achei bonito, compartilhei.
O quão difícil é colocar isso em prática. Como é...
É diário de bordo, vou começar falando de todas as coisas doces que encontrei no meu caminho hoje. Coisas bem doces, como um "Vai não, fica mais um pouco!". E todos os olhares, os encontros e os jogos que hoje nasceram ali, naquele lugar que dizemos impossível.
Tão difícil quanto acreditar é humanizar. Talvez porque poucas pessoas entendem que é irônico fazer isso com Seres Humanos. Mas poucas pessoas entendem o que é ser. 
Hoje acordei acreditando, me disponibilizei, sair da minha casa em uma segunda de manhã de uma semana bem cheia e fui ouvindo no caminho da minha melhor companheira do mundo (Ela, que é tão companheira sempre, há tanto tempo): O difícil é fazer o simples!
Os olhos abriram, aquele ponto vermelho já estava no rostinho delas. Rosinha e Fiapinho, lindas e disponíveis como nunca.
Logo me deram uma carona em um carro achado no meio do caminho. Do carro surgiu a multa, da multa a fuga e da fuga um: "Vai não, fica mais um pouco...". O quão doce foi aquele pedido.
Dos encontros, fica o que a gente sempre deixa quando encontra. E leva tudo que isso me dão de presente, me dão tantos presentes que consigo levar pro resto do dia, presentes esses bem invisíveis aos olhos, como as coisas essenciais dessa vida.
São esses presentes que me dão força pra continuar. Continuar mesmo quando o jogo cai. Ah, esqueci de falar. O jogo não caiu, o derrubaram.
No momento exato em que depois de um tempão, conseguimos ouvir da menininha o nome dela... Olha só, ela fala e o nome dela vai crescendo junto com ela, ela cresce e o nome cresce, fantástico não?
Ai a gente escuta aquele: "Ei, deixa eu falar com vocês..."
Quando a gente se propõe a cuidar, o descuido é doloroso. Houve descuido em toda a fala dela, desrespeitou, doeu... Doeu muito. Aconteceu o que eu temia... Fizeram Frida chorar, eu só queria sair da ali, queria tapar os meus ouvidos, queria correr. 
Queria acreditar que não, que a menininha que a dois minutos dizia o nome dela não estava ali, presenciando tudo isso. Não queria perceber que todos que estavam pelo corredor do hospital, que aos poucos entraram no nosso jogo, estavam assistindo aquilo. Estavam assistindo o jogo cair. 
O jogo caiu, junto com ele ainda no corredor, desci a máscara e Frida se foi. Guardadinha a 4 dedos abaixo do meu umbigo e bem, bem dolorida.
Tentei questionar onde estaria nosso erro nisso tudo, onde estaria o erro dela... Mas preferi não pensar em "erro". Mas não conhecer o projeto é algo perigoso. É difícil entender que os profissionais de saúde também precisam do nosso trabalho e que não estamos brincando. O trabalho é sério, há uma formação séria, um processo sério pra chegar ali. Estávamos também trabalhando. Naquilo que acreditamos, que amamos. Repito a frase da minha companheira ainda no caminho: Difícil é fazer o simples.
Tarefa difícil, porém, não desisto. Continuo acreditando, é por pessoas como ela que me mantenho ali, é por acreditar em um cuidado, acreditar em uma saúde melhor. É por "acreditamento" que permaneço ali.
E que todas as lágrimas e toda a dor e todo o desencanto, seja só mais um combustível para continuar. É por pessoas como ela, que continuo...

E continuo acreditando que é possível. Continuo acreditando que vai. Uma hora vai.
Obrigada as minhas melhores companheiros do mundo, por serem as melhores.

E lembra sempre, é por acreditamento. Puro, acreditamento.

Continuarei =)

Lulu Fiapinho - 2ª Atuação Maternidade de Juazeiro 09/06/2014


"O difícil é fazer o simples." Começo hoje com essa frase que martela minha cabeça desde às 5h da manhã. O diário de hoje não é diário, é um desabafo. Um desabafo doloroso de alguém que está magoada e com vergonha de certas coisas que acontecem nos serviços de saúde. Mas isso eu deixo pro fim, gosto de tudo bem explicadinho e não seria justo omitir coisas tão maravilhosas que aconteceram nessa manhã de segunda-feira.


Não dormi, a semana que está apenas começando promete tantas obrigações que saber que tem atuação, mesmo cansada, é como um oásis no sertão. O difícil é fazer o simples, sabe por quê? Porque é difícil deixar todas as provas, atividades e compromissos de lado por algumas horas, pra tentar fazer alguém sorrir numa manhã de segunda-feira. É difícil fazer o simples quando se demora 40 minutos para chegar a um lugar que se chegaria em no máximo 10 se não houvessem tantos contratempos. É difícil fazer o simples, mas é uma delícia quando uma maca largada no hospital vira uma grande história de polícia, e quando temos que nos esconder nos quartos para não sermos multadas, e que sorte a nossa, o quarto era o do delegado, estaríamos sãs e salvas. 


As horas se passaram até facilmente enquanto o simples era feito. Enquanto profissionais, acompanhantes, pacientes, estudantes, funcionários, todos se moviam juntos, colaborando, inventando histórias, como numa grande roda gigante de risadas. 


Vimos como o simples é bonito quando mamães nos pediam pra ficar no quarto delas por mais tempo, quando estudantes e profissionais ficavam felizes pela ajuda em passar as orientações de uma forma um pouco diferente, quando crianças davam gargalhadas só com olhares, quando as cozinheiras da copa disseram que os jogadores da  Copa ainda não tinham chegado, quando um menino pequenino nos mostrou como é possível ficar feliz mesmo após tomar injeção. A manhã que teve tantos contratempos para que desse certo, deu.

Tudo aconteceu tão lindo, tão encaixado, que achei que os sinais enviados sabe lá Deus de onde que algo estava errado eram pura imaginação. A atuação acabara, eu iria embora com a imagem de muitos, muitos sorrisos espontâneos que me foram dados, iria embora muito mais completa do que fui e com a certeza de que todos os sacrifícios que fiz para estar ali valeram a pena. Daí, na hora de ir, uma médica, sim, minha revolta não me deixa omitir, uma médica pediatra, que trabalha num serviço humanizado (um dos locais mais humanizados que já conheci), sem ética, sem cuidado, sem respeito, nos aborda na frente de todos presentes: funcionários, acompanhantes E crianças, e nos inunda de desaforos, de uma forma tão grosseira, mas tão grosseira, que não houve mais energia nenhuma que sobrasse, não tinha mais palavra a ser dita, baixamos o nariz machucadas, magoadas, e dali saímos, deixando uma senhora cheia de si por ter dito o que queria e várias outras pessoas chocadas pela cena absurda que tinham visto. Ela disse que achava nosso trabalho legal, mas que queria que nós fossemos direto "divertir as criancinhas", e não "atrapalhássemos os profissionais que estavam tão agoniados trabalhando", entre outras coisas e desaforos. Soubemos que ela havia se ofendido porque tínhamos brincado com ela, e em contrapartida, nos encheu de grosserias na frente de todos e provavelmente já tinha falado com outra profissional, pois uma de minhas companheiras foi interpelada por essa, que indagou acerca de permissão, documentações, e repetia que a 'médica tinha se ofendido" num sentido que significava que essa profissional por ser médica estava num nível superior aos demais, e por isso a ofensa seria mais grave. A maioria das pessoas que vêem aqui ler nossos diários não mereciam estar lendo todo esse desabafo, mas por ser um canal de divulgação do nosso trabalho me utilizo desse para justificar o que já é justificado. A palhaçoterapia é um trabalho sério, a UPI é um trabalho sério. É um projeto atrelado a uma Universidade. As pessoas aqui são sensibilizadas e muito bem capacitadas, uma capacitação de 40h, antes de entrarem em meio hospitalar. São recicladas em aprofundamentos e congressos, e suas ações são muito bem discutidas em reuniões. A humanização não é uma utopia, é necessidade, devia ser regra e não exceção. Trabalha-se para humanizar os serviços, do paciente ao acompanhante, do recepcionista ao diretor. Lidamos com gente, e como gente queremos ser tratados, cuidamos e queremos ser cuidados, respeitamos para ser respeitados e não atrapalhamos o trabalho de ninguém para poder executar o que nos propomos a fazer. 


Hoje Fiapinho foi interrompida, sua energia foi cortada, não pude dar um último olhar à criança que tanto fizemos para que nos dissesse o nome e que ficou assustada com tudo aquilo.
Hoje Fiapinho chegou em casa e chorou, chorou muito, de raiva e de tristeza (palhaço também sofre sabia? Não somos feitos de pano, assim como nos perguntaram hoje). Mas transformou essa raiva em vontade de fazer ainda mais pela humanização, transformou a tristeza em saudade de tantos momentos bons que viveu hoje e que quer viver muito mais. 
Hoje agradeço pela oportunidade de participar de algo tão lindo e que luta por objetivos tão importantes, agradeço pelas minhas sensíveis e corajosas companheiras, agradeço por ver exemplos ruins mas também muitos mais que são tão bons que podemos sempre nos espelhar, agradeço pela oportunidade de receber grosseria e devolver amor. E rezo para que nenhuma criança ou velhinho, animal ou gente, doente ou são, palhaço ou não, precise passar pelo que passei hoje, precise ser atendido por profissionais tão secos e sem amor que existem por aí e que não fazem jus aos belos juramentos que fazem. Hoje agradeço por poder deitar a cabeça no travesseiro com a consciência limpa, e poder acordar, principalmente às segundas de manhã, e ver tanto sorriso e tanta gente do bem fazendo o bem. Porque um dia, todos perceberão, que difícil é fazer o simples!



Ps. Fiapinho está muito realizada por ter um nariz novo, tão lindo e tão dela!


Testa das Frituras - Atuação HU, 29/05




O riso do palhaço
Comunica
O riso do palhaço
É um jogo... (Pedro Munhoz)

Desculpem o atraso, afinal 10 dias se passaram.
E o encontro se deu! Testa vai aos poucos se jogando, se comunicando (falando, ou não). Dono de muitas terras que precisava de adubo para crescer, Garota de Ipanema, Dona R. com seus músculos fortes, o primo (e mágico também) do Mister M, que nos acompanhava, que aparecia e sumia, onde que estivéssemos. Novas pessoas, velhas pessoas... Seguimos assim até descobrirmos que perdemos a hora novamente!

P.S.: Tô gostando demais de poder atuar com Bartolomeu Barbudo e Chiquita Pequena Sombra...

Att,
Testa.